Prepare-se para viajar por Minas sem sair de BH. Dia 15, das 11h às 19h, a Praça da Savassi homenageará a Rota do Queijo de Minas, plataforma pioneira que une regiões produtoras. Trata-se da 5ª edição do Made in Minas Gerais, evento protagonizado por chefs e restaurantes de todo o Estado, com shows, venda de produtos mineiros e o inédito concurso de Super Queijos. O projeto é idealizado e realizado pelo nosso entrevistado, Jordane Macedo, empresário e produtor de eventos de gastronomia de alta envergadura, com edições no Brasil e nos EUA, à frente da Culturar Produções. Seu conhecimento da cultura mineira e sua vivência na lida com gado, lavouras de café, alambiques e açougues, guiaram-no ao seu atual patamar. Idealizador da Rota do Queijo de Minas, escreveu, em parceria com Ziraldo, o gibi “A a do Maluquinho”. Foi jurado do Mundial do Queijo 2024, em São Paulo, do Expo Queijo, em Araxá (2021 e 2024), do Festival do Queijo da Mantiqueira (2024), e participou do Festival de Queijo de Itamonte (2005). Mais e melhores, a seguir.

Jordane, por que essa paixão por Minas e por projetos que enaltecem o Estado?

Quero apresentar Minas ao Brasil e ao mundo! Quando morava em Pimenta (MG), trabalhei na lavoura, em açougue e com gado. A inspiração do nome vem de quando eu tinha 16 anos e trabalhava em lavouras de café. Nas sacas de juta que carregava, estava escrito “Made in Brazil”. Eu viajava junto, e pensava: para onde vai o produto que ajudo a produzir? Mineiro apaixonado que sou, batizei o evento de Made in Minas Gerais.

Quinto Made in Minas Gerais. O que representa para você ver o evento consolidado no calendário cultural da cidade?

Essa viagem por Minas é uma das minhas paixões! Poder trazer um pouco do que vivencio em minhas andanças representa muito. Temos o conceito de que o público presente ao evento viaje por Minas também. E é uma oportunidade ímpar para diversos restaurantes, chefs, cozinheiros, que podem, por meio de suas artes, apresentar um “cadinho” dos quatro cantos de Minas.

Esta edição homenageias a Rota do Queijo de Minas. Como surgiu a ideia de destacar esse projeto?

A Rota do Queijo de Minas foi criada por nós, da Culturar, em 2022, na Serra da Canastra. Com um ano, já tínhamos criado a de Araxá, a da Mantiqueira de Minas e uma no Mercado Central. Isso nos inspirou a apresentar, ao público do Made in Minas Gerais, estas regiões e seus produtores, além dos queijos. No evento, faremos o lançamento das rotas Entre Serras da Piedade ao Caraça e Diamantina. Pioneira, a plataforma Rota do Queijo de Minas é a maior e busca valorizar os produtores de queijos artesanais, ao promover o turismo rural, além de permitir articulações de rodadas de negócios e geração de conteúdo para as queijarias.

O que mais você consegue nos adiantar desta edição? Qual a grande novidade?

Os Super Queijos! Uma comissão formada por mim, Ivair e Lúcia, do Queijo do Ivair; Renata De Paoli, do Instituto Curadoria do Queijo - ICQ; e Cassiano Peluso, da Jornada do Queijo. Temos feito porções gigantes de queijos por diversas regiões. Após a curadoria dos queijos, Renata De Paoli, veterinária e diretora do ICQ, comandará o concurso entre cinco deles, que serão avaliados por especialistas, autoridades, chefs, jornalistas, influenciadores e parte do público, que poderá se inscrever para saborear e avaliar.

Como você vê o papel do Made in Minas Gerais na reafirmação da identidade e na valorização das tradições mineiras?

É o único evento que une todo o Estado, com a Savassi orientada pelos pontos cardeais e ocupada, exclusivamente, por cozinheiros, queijeiros e produtores artesanais dos mais variados produtos. A cada ano, trazemos cozinhas de diferentes cidades mineiras. É uma delícia ver o público conhecendo um pouco mais da gastronomia de Minas. Ver a alegria das pessoas é emocionante. Numa edição ada, uma moça me disse: “Esta é a comida da minha terra”. Ela se referia ao arroz com pequi de Montes Claros. É um verdadeiro resgate de sabores, acompanhado da memória afetiva que nos conecta às nossas origens.

Como o evento pode impactar positivamente os pequenos produtores e a economia rural de Minas Gerais?

Como diz o Flavinho, do Xapuri: “A Praça da Savassi é a Times Square de Nova York”. Com um palco deste porte, um público qualificado e o apoio da população e da imprensa, o Made in Minas Gerais se torna um poderoso fio condutor entre os pequenos produtores e os consumidores de BH. O evento cria visibilidade, gera oportunidade de negócios e valoriza o trabalho na base da cadeia produtiva. É uma chance real de inclusão econômica e de fortalecimento da economia rural mineira por meio do afeto, da cultura e do sabor.

Qual o papel da música e das apresentações culturais no evento?

Buscamos a mineiridade e valorizamos a arte local. A Orquestra Mineira de Violas, nesta edição, se torna apresentação fixa, e sempre convidará artistas de outros ritmos. Nolli Brothers será o convidado deste ano. Queremos ver, nas próximas edições, as violas tocarem Clube da Esquina, congados, samba e outros ritmos.

Quais são os principais desafios que você enfrenta ao organizar um evento desse porte no contexto atual?

Os desafios são muitos, e começam pela captação de recursos e pela complexidade dos processos junto aos mecanismos de fomento. Trazer produtores de queijo, ou representantes de restaurantes, tem se tornado cada vez mais difícil. Muitos enfrentam limitações de mão de obra e dificuldades logísticas para participar e promover seu trabalho. Apesar disso, realizamos o evento em um espaço icônico, a Praça da Savassi, que já se tornou parte da identidade do Made in Minas Gerais. Contamos com o apoio fundamental da SMEL, da BHTrans, da PMMG e do setor de Licenciamento.

Como o evento promove a sustentabilidade e o respeito ao meio ambiente?

Há três anos, fazemos compensação de carbono, recolha do óleo usado, reciclagem das lonas e tentamos diminuir, com tecnologia, o uso de papel.

Quais parcerias foram estabelecidas para essa edição, e como elas contribuem para o sucesso do evento?

A Cemig é apresentadora do evento e uma grande parceira na valorização da cultura e da identidade mineira. Seu apoio é essencial para darmos visibilidade aos produtores e levarmos o Made in Minas Gerais a públicos cada vez maiores. O Sicoob também está conosco mais uma vez, investindo no que temos de mais autêntico: o trabalho, os sabores e os saberes do povo mineiro.

Como você vê o futuro dos eventos culturais em Minas e qual o papel do Made in Minas Gerais nesse cenário?

Vejo um futuro promissor para os eventos culturais, com iniciativas ainda mais qualificadas e comprometidas com a valorização de nossa identidade. Eventos como o Made in Minas Gerais, gratuitos, íveis e verdadeiramente transformadores, merecem olhares mais atentos do poder público e da iniciativa privada. Segundo estudo da FGV, a cada R$ 1 investido por meio de mecanismos de incentivo à cultura, retornam R$ 3,88 em novos impostos e R$ 32 movimentam a economia local, além de promover lazer e bem-estar à população.

Você acredita que o turismo gastronômico é hoje um dos principais motores para o desenvolvimento das regiões produtoras de queijo artesanal em Minas?

Sem dúvida! O turismo gastronômico, especialmente o rural, é, hoje, um dos pilares da preservação e do fortalecimento da cultura queijeira em Minas. Ao receber turistas, os queijeiros agregam valor a seu produto, oferecem experiências autênticas e movimentam a economia local. Muitas vezes, além de vender queijos, am a oferecer hospedagem, visitas guiadas e outros produtos regionais, transformando o queijo no grande chamariz para novos negócios.

Apostamos que o Feito em Minas faz mais...

Esse movimento também contribui com o fortalecimento do trabalho familiar, em cenário no qual a sucessão no campo, especialmente entre produtores de queijo, é um desafio real. O turismo ajuda a dar sentido e viabilidade econômica à permanência das novas gerações no território. Além disso, a cadeia do turismo gastronômico impulsiona restaurantes, pousadas, atrativos turísticos e o comércio das regiões, de modo a gerar desenvolvimento integrado e sustentável.