GARIBALDI (RS).tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul deixou regiões devastadas por enchentes e obrigou milhares de moradores de mais de 400 cidades a saírem de suas casas. São poucas as pessoas que conseguiram levar mais do que a roupa do corpo. A situação gerou uma onda de solidariedade no país, e até a nível internacional, talvez nunca vista anteriormente. 

Muita ajuda foi feita em dinheiro para ações que são realizadas emergencialmente. Também há toneladas de doações sendo recebidas tanto pela população local, quanto de fora do Estado. Nas estradas que ligam ao Rio Grande do Sul, não é difícil encontrar caminhões carregados de doações que vão de água a comida, até a roupas, calçados, itens de higiene e de limpeza, colchões, entre outros. 

A situação comove, e quem trabalha diretamente para fazer esses itens chegarem a quem precisa carrega o sentimento de acalento no coração. Foi o que contou Marllone Dias, de 40 anos. Caminhoneiro profissional há oito anos, foi ele quem dirigiu o caminhão do Grupo SADA com 30 toneladas de doações.  

“Não tenho nem palavras. Me emociono só de lembrar. É bom demais estar ajudando ao próximo”, contou Marllone. “Quando saímos, todo mundo me abraçou, falou comigo que eu não estava sozinho, que eu estava trazendo a alma deles, o coração deles. Eu me senti muito comovido. É mais do que uma responsabilidade”, contou o mineiro do interior, nascido em São José do Goiabal.  

Foram três dias de estrada e mais de 1.600 quilômetros percorridos. O caminhão foi carregado com donativos na última quinta-feira (9) no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, Minas Gerais, e saiu de Betim, na região metropolitana da capital mineira, na madrugada de sexta-feira (10). A chegada na cidade de Garibaldi, na Serra Gaúcha, foi no domingo (12). 

Em Garibaldi, está um dos centros de distribuição das doações para o Rio Grande do Sul. O local reúne mais de 700 voluntários que recebem os mantimentos, separam por tipo e tamanho, quando é o caso, montam kits e organizam para que a entrega possa ser o mais eficiente possível. Uma dessas pessoas é Lucilene Teixeira. 

Costureira, ela pegou sua máquina e levou para o centro, que fica no ginásio esportivo da cidade, para fazer consertos em roupas que chegam com algum defeito. “Eu acho o nosso trabalho muito gratificante. Porque a gente é voluntária e está se doando. A gente faz muita reforma e se sente com muito orgulho quando as pessoas para costurar algo. É muita gratidão”, relatou. 

Outra demanda é para carregar as caixas com os donativos já separados por quem faz esse trabalho. Era isso que estava fazendo, no ginásio, Rodrigo Loss, de 41 anos, em um gesto de inclusão e representatividade. Com síndrome de down, ele faz questão de participar e deixar sua marca em meio à necessidade por tanta ajuda.  

“Esse trabalho que eu estou fazendo é uma força, o que eles precisam. Eu estou aqui representando a escola da APAE. Eu gosto de poder ajudar toda a galera que está aqui”, declarou, com um sorriso no rosto e depois de se deslocar de Boa Vista do Sul, sua cidade, distante mais de 20 km de Garibaldi.