A morte de ‘PH’, apontado como chefe do tráfico no Aglomerado da Serra, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, há pouco mais de duas semanas, acarretou em um cenário de insegurança na comunidade. A disputa dos criminosos para ocupar a função deixada e somar territórios do tráfico tem aumentado a criminalidade no aglomerado, principalmente por meio de assassinatos. Este foi um dos motivos que levou a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) a realizar uma operação no local na manhã desta quarta-feira (17 de julho).
“A Serra vive um momento de alto índice de criminalidade que pediu uma análise de inteligência da Polícia Civil. Esse homicídio recente do ‘PH’, um dos chefes da organização criminosa, acabou aumentando a quantidade de homicídios, guerras e tentativas [de assassinatos]. É característico da disputa de lideranças por território do tráfico”, afirma o delegado Rodolfo Machado, do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc).
Machado reforça que a investigação sobre a organização criminosa do Complexo da Serra, que tomou pontos de outras regiões de BH e cidades da região metropolitana – como Contagem, Sabará e Ribeirão das Neves –, já ocorre há um ano, mas foi intensificada nas últimas semanas, após a morte de ‘PH’. “É um trabalho conjunto da nossa equipe, de tráfico de drogas, com a equipe de homicídios. Precisamos trocar informações para promover a segurança pública nesse momento de necessidade”, acrescenta.
PH era influente no Complexo da Serra e morreu após ser baleado em um restaurante no bairro Fazendinha no dia 5 de julho. Embora a motivação ainda seja apurada pelas autoridades, uma fonte ligada à Polícia Militar informou que o traficante estava jurado de morte devido a conflitos relacionados ao tráfico de drogas. Nesta quarta-feira (17), ao menos 80 policiais civis adentraram nas vielas do Aglomerado da Serra e do ‘Pau Comeu’, no São Lucas, onde o tráfico rege as leis de trânsito e as condutas dos moradores.
Uma operação da Polícia Civil mirou o esquema de tráfico de drogas encabeçado por bandidos do Aglomerado da Serra, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, na manhã desta quarta-feira (17 de julho). A investigação identificou 21 suspeitos e suas funções. Treze mandados de busca e… pic.twitter.com/rraerElhe3
— O Tempo (@otempo) July 17, 2024
A investigação identificou 21 suspeitos e suas funções, desde líderes até olheiros das bocas de fumo. Treze mandados de busca e apreensão foram cumpridos e duas pessoas foram conduzidas à delegacia. A polícia suspeita de um envolvimento entre os criminosos e facções nacionais e internacionais. “Nós buscamos pacificação, usando inteligência policial, em um momento importante de disputa de território. Reforçamos a presença policial do Estado junto à comunidade”, afirma o delegado Rodolfo Machado.
Polícia investiga conexão com facções nacionais e internacionais
Como não há lotes de produção de drogas em grande escala na Grande BH, a Polícia Civil investiga a conexão do tráfico no Complexo da Serra com facções criminosas de nível nacional e, até mesmo, fora do país. “A grande maioria dos entorpecentes apreendidos vem de países limítrofes, do Sul do Brasil e de canais de transporte de drogas, como a ‘rota caipira’”, diz Machado.
A rota caipira faz conexão com o crime de São Paulo, berço do Primeiro Comando da Capital (PCC). A investigação, no entanto, está focada no tráfico local até o momento. “Se a apuração avançar para essas conexões, trocaremos informação com as polícias federal e de fora do Estado”, acrescenta.
A operação apreendeu cerca de 12 kg e porções menores de maconha, cinco celulares e materiais de uso no tráfico, como uma máscara usada para esconder a identidade dos envolvidos.