SAÚDE

A cada 30 segundos, uma pessoa procura atendimento com sintomas respiratórios em BH

Demanda aumentou 51% em duas semanas na capital mineira; crianças esperam por mais de uma hora para serem atendidas

Por Maria Cecília Almeida e Raíssa Oliveira
Atualizado em 19 de maio de 2025 | 19:04

O número de atendimentos por síndromes respiratórias em Belo Horizonte disparou: em apenas uma semana, mais de 23 mil pessoas procuraram as unidades de saúde da capital com sintomas respiratórios — o equivalente a uma pessoa a cada 30 segundos. Com a alta demanda, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Barreiro estava lotada na manhã desta segunda-feira (19 de maio), com crianças aguardando mais de uma hora apenas para ar pela triagem.

Dados da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) apontam um aumento expressivo no número de casos em apenas duas semanas: de 20 a 26 de abril, foram registrados 15.351 atendimentos; já no período entre 4 a 10 de maio, o número saltou para 23.327 — um crescimento de 51%. 

Para ampliar a assistência médica e intensificar a vacinação contra a gripe, cinco centros de saúde da capital funcionaram no último sábado (17 de maio). De acordo com a PBH, as unidades nas regionais Barreiro, Nordeste, Norte, Oeste e Venda Nova realizaram, ao todo, 267 atendimentos somente no sábado.

A situação continua sendo de alerta já que a Defesa Civil municipal enviou, nas últimas 48 horas, dois alertas relacionados à doenças infecciosas e aconselhou que os cidadãos sigam os conselhos do poder público — a vacina contra a influenza está disponível para pessoas com mais de seis meses.

Pacientes esperam mais de uma hora por atendimento em UPA de BH

Na manhã desta segunda-feira (19 de maio), a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Barreiro, em Belo Horizonte, estava lotada. Havia pessoas em pé dentro e fora da unidade, aguardando por atendimento; crianças choravam no colo dos pais, enquanto as mães demonstravam aflição diante da longa espera.

A reportagem conversou com algumas famílias presentes no local. As mães relataram demora superior a uma hora apenas para ar pela triagem, sem contar o tempo de espera pelo atendimento médico. Belo Horizonte e outras cidades da região metropolitana decretaram estado de emergência em saúde pública devido ao aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

Entre os pacientes estava Rafaela Nascimento, de 27 anos, mãe de uma bebê de 1 ano e 1 mês com febre e coriza. “Costumo ir ao hospital de Ibirité, lá o atendimento para criança é mais ágil. Vim aqui por ser mais perto, mas sei que vai demorar, está muito cheio”, desabafou. Ela contou ter procurado a unidade com urgência após saber da morte de uma coleguinha da escola da filha, também de 1 ano, vítima de pneumonia.

Outra mãe, que preferiu não se identificar, relatou que seu bebê apresentava tosse intensa, choro constante e dores no corpo. “Aqui, pra atender rápido, tem que chegar morrendo”, disse, indignada com a demora — situação que, segundo ela, afeta tanto crianças quanto adultos.

Para a diarista Elizabeth Vieira, de 49 anos, que acompanhava a comadre em um atendimento ortopédico, a superlotação já era esperada. “Aqui é sempre muito cheio. Vem gente de Ibirité e da região também. Não é culpa dos médicos, é muita gente mesmo. Estamos esperando há 1h30. É sempre demorado, mas somos bem atendidos”, avaliou.

Enquanto alguns aguardavam há mais de uma hora apenas pela triagem, outros contabilizavam ainda mais tempo até o atendimento médico. Uma mãe, acompanhada do filho de 2 anos, ambos com febre, sintomas gripais e dores no corpo, também esperava. “As crianças precisam ter prioridade para consultar. Aqui é sempre demorado”, afirmou.

O operador de máquinas Robson Duarte, de 55 anos, reforçou o apelo por atenção especial às crianças. “Estou aqui há três horas esperando, mas reconheço que meu problema é pequeno perto dos outros. O problema maior são as crianças. Essa choradeira que você vê aí… o triste é isso. Deviam aliviar para os meninos. Eu espero, mas criança não espera. A mãe fica doida aqui com o neném, sem saber o que fazer”, disse.