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Cinebiografia sobre Ney Matogrosso centra história na relação com o pai conservador
Com estreia nesta quinta-feira (1º), filme de Esmir Fillho tem Jesuíta Barbosa na pele do artista
"O tempo é o nosso melhor amigo, sabe">cinco décadas da trajetória de Ney Matogrosso, desde o garoto que apanha do pai militar por se recusar a chorar.
“Foram dois anos para desenvolver esse roteiro. Na verdade, é claro que uma primeira versão ficou pronta no primeiro ano, em 2021. Mas, como a gente só filmou em 2024, tivemos muitas coisas para amadurecer. O lance era como iríamos olhar para essa história. Qual recorte fazer da vida do Ney? Eu lembro que muitas coisas chamaram a minha atenção e foram moldando a estrutura para se chegar até o roteiro”, registra.
A principal delas foi a decisão de ouvir toda a discografia do artista, em ordem cronológica. “Para mim, era muito importante entender o que ele escolhia cantar. Conhecendo o Ney, tinha certeza de que cada música tinha relação com a vida dele. Não é à toa que ele escolhe as músicas. Ele também acredita no amor à primeira escuta. São músicas que o atravessam, batem de primeira e querem muito dizer o que ele está sentindo”.
Além das canções, várias publicações cimentaram o caminho da construção do roteiro de “Homem com H”, como “Um Cara Meio Estranho”, de Denise Pires Vaz; “Primavera nos Dentes”, de Miguel de Almeida, sobre o trio Secos & Molhados, que marcou a entrada de Ney na cena musical, no início da década de 1970; e, principalmente, “Vira-lata de Raça”, livro de memórias do artista lançado em 2018.
“O livro de memórias começa assim: ‘Eu sempre reagi ao autoritarismo’. Ponto. Logo falei: ‘Esse é o personagem’. Ali ele disseca bastante coisas sobre a complexidade que era a relação com o pai. O sargento Matogrosso foi a maior autoridade que ele já enfrentou, segundo o próprio. Muitas de suas escolhas foram feitas a partir da vontade de contrariar esse pai. Com uma premissa tão forte, o filme começa aí”, afirma Filho.
A partir deste “antagonista”, o cineasta entendeu que, em essência, Ney ansiava pela sua liberdade de expressão “diante de diversas figuras de autoridade e imagens de controle que queriam calar esse corpo”. Dessa forma, com a infinitude de acontecimentos que percorrem a trajetória do cantor, Esmir escolheu os eventos que expressassem algum tipo de censura ou repressão, “muitas vezes perdendo coisas, outras vezes ganhando”.
Além da relação com o pai, os amores do cantor também ganham relevância. Entre eles, Cazuza, quando ainda era o filho do dono da gravadora Som Livre e se preparava para ganhar holofote com o grupo Barão Vermelho. “Era natural para mim falar dos amores do Ney. Porque tem a ver com como ele lidava com os afetos, né? Em todos, ele se encontrou com cada um deles e foi também se entendendo como homem”, sublinha o cineasta.
“Não é à toa que o filme se chama ‘Homem com H’. A gente propõe uma desconstrução da ideia do senso comum do ‘homem com H’, que é o que fala na música, de forma debochada”, destaca. Neste sentido, o corpo do cantor, materializado no filme pelo ator cearense Jesuíta Barbosa, ganha destaque. “O Ney sempre foi corpo. Corpo antes da palavra. Ele é do gesto, da expressão física, da dramaticidade”, ressalta.
Ney e Jesuíta “exalam o mesmo perfume”
Para Esmir, essa experiência do corpo representa o mistério de Matogrosso. Ele lembra a cena ada no camarim, durante um show em Recife, quando três censores entram e ficam desconcertados quando o cantor mostra seu corpo nu, de forma proposital. Com isso, consegue evitar maiores cortes no show. “Nem os censores entendem muito o que aconteceu no camarim”, observa o cineasta.
A caracterização de Jesuíta impressiona, elogiado por crítica e público. “Eles (Ney e Jesuíta) exalam o mesmo perfume, sabe? São dois seres muito íntegros, muito abertos em relação ao que acreditam. Não têm papas na língua; são muito reservados. São muito tímidos no cotidiano, mas explosivos no palco ou em cena. Enfim, tem muita coisa em que eles se parecem, até mesmo o fato de os pais serem militares”, compara.
Antes de “Homem com H” começar a ser rodado, Esmir disse ao protagonista que parecia que ele estava “sendo preparado pela vida para esse personagem”. “A gente só iria moldar juntos, em termos de vivência, atuação, expressão. Foram cinco frentes para trabalhar o Jesuíta – dança, voz, interpretação, prosódia e nutrição, porque ele precisava perder peso para chegar ao Ney magrinho”, detalha.
As expectativas para uma boa bilheteria são altas. “A história do Ney merece ser vista. A gente vê tudo isso que ele viveu, esse homem que iramos além daquele que está sobre o palco. O homem do palco está ali, mas ele é constituído pelas experiências que ele viveu, no dia a dia. É bonito que as pessoas saibam de todas essas experiências e entendam que existem muitos Neys por aí também”, anseia.