LUTO

'Não há nenhum fotógrafo no mundo como Sebastião Salgado', diz fotojornalista mineiro 3y5o1z

Sebastião Salgado morreu nesta sexta (23), aos 81 anos 3z4e3x

Por Laura Maria
Publicado em 23 de maio de 2025 | 13:45
 
 
Sebastião Salgado Foto: Lincon Zarbietti / O Tempo

Natural de Aimorés, o fotógrafo Sebastião Salgado morreu nesta sexta (23), aos 81 anos. O fotógrafo documental e fotojornalista brasileiro faleceu em consequência da malária, doença contraída na década adquirida em 1990 quando estava na Indonésia. A morte dele é sentida em diferentes setores da sociedade, especialmente na fotografia.

Na avaliação do fotojornalista e gestor cultural, Eugênio Sávio, Sebastião Salgado deixa um legado que ultraa as fronteiras das imagens. "Arrisco-me a dizer que não há nenhum fotógrafo no mundo que tenha feito o que ele fez", começa o especialista. 

"Ele é um exemplo de vida dedicada a usar a fotografia como forma de transformação, chamando a atenção das pessoas para questões importantes do mundo. Tornou-se fotógrafo tardiamente, após abandonar uma carreira na economia, com o objetivo de contribuir mais com a sociedade", aponta. 

Junto da esposa, Lélia Salgado, o fotógrafo criou o Instituto Terra. ONG que atua como centro de recuperação ambiental com sede em Aimorés. "Junto com a companheira, eles fizeram projetos que tiveram ressonância global. Nenhum fotógrafo conseguiu alcançar a extensão e o impacto que ele alcançou. Sempre demonstrou profunda preocupação com o Brasil e, especialmente, com a Amazônia. Acredito que todos os fotógrafos do mundo não plantaram tantas árvores como ele no Instituto Terra", aponta.

Na avaliação do especialista, Salgado esteve sempre à frente de assuntos que hoje são caros para a sociedade. "Recentemente, voltou a focar no Brasil, mas sempre mantendo a relação com temas globais. Foi extremamente visionário ao abordar temas como a migração, algo que começou a fazer há mais de 20 anos, e a crise climática, que ele antecipou com o projeto Gênesis, iniciado há 15 anos. Sua compreensão do mundo é extraordinária e inteligente. Essa obra dele certamente ficará como referência nas últimas décadas. Não houve ninguém tão dedicado, com tanta capacidade de compreender o mundo e de desenvolver uma visão verdadeiramente global", observa.

Qualidade técnica e respeito com quem era fotografado 6y2o49

Uma das características mais marcantes no trabalho de Sebastião Salgado era seus cliques em preto e branco. 

"Ele entendeu que o preto e branco era capaz de revelar a essência das coisas, até mesmo em situações inesperadas, como ao fotografar a natureza. Na década de 70, quando começou a fotografar, era esse o tipo de fotografia mais comum. Mas ele nunca migrou para a fotografia em cores; ao contrário, fez do preto e branco sua forma de interpretar o mundo", pondera.

Em seu trabalho, Salgado também evitava o uso de lentes teleobjetivas com objetivo de se aproximar das pessoas e objetos fotografados. "Ele prefere lentes grandes angulares, mais abertas. Outra marca de seu trabalho é a presença constante do retrato. Mesmo mais recentemente, quando ou a fazer menos retratos, manteve sempre essa busca por se aproximar do outro. Suas fotos são consentidas, há uma convivência visual com o personagem retratado, não são imagens roubadas, mas construídas com respeito", relata.