SÃO PAULO - Após as duas noites de intensas apresentações jazzísticas no Auditório Ibirapuera, repletas de experimetações, a programação do C6 Fest ganhou o Parque Ibirapuera na tarde e noite desse sábado (24), brindando o público com diversidade e muita nostalgia.
A diversidade é algo inerente ao próprio festival, que em sua curadoria busca abraçar distintas vertentes da música mundial, eando pelo indie rock, pop, eletrônico e por aí vai. A nostalgia... essa se traduz na oportunidade de ver (e ouvir) bandas que há muito percorrem a estrada musical – algumas delas com um grande hiato de apresentações no Brasil. E foi exatamente isso que o dia proporcionou ao público em São Paulo.
Revisitando o clássico álbum “Moon Safari”, o duo Air encerrou a programação do sábado na Arena Heineken com um espetáculo sensível, melódico e, claro, nostálgico. Percorrendo faixa a faixa o disco de 1998, Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel – acompanhados por um baterista – elevaram o público a um estado de graça neste retorno ao país – os músicos ses não se apresentavam por aqui havia mais de uma década.
O Air deixou o público em êxtase na noite do último sábado (24), em São Paulo. Foto: C6 Fest/Divulgação
Na apresentação, amplificada pela estética visual do palco, ainda sobrou tempo para o duo revisitar outras composições da trajetória iniciada exatamente com “Moon Safari”. Certamente um dos grandes shows desta terceira edição do C6 Fest.
E se o tom é memórias e nostalgia, o que dizer do Pretenders... Headliner do evento, o grupo liderado pela vocalista e guitarrista Chrissie Hynde também estava ali para atrair os roqueiros mais saudosos. Afinal, são quase 50 anos de estrada – a bandas surgiu em 1978 – acumulando hits de um rock clássico, cru e enérgico.
Chrissie, aliás, é um capítulo à parte. Aos 73 anos, a artista sabe conduzir a vibração da banda e do público com seu visual rocker clássico e seu vocal peculiar. Ainda que a apresentação tenha sido um tanto morna e curta (parte em culpa certamente do volume do som, abaixo do que o Pretenders toca e do próprio espaço da Arena), muita gente ali se rendeu ao estilo de Chrissie e saiu felizona com a apresentação.
Chrissie Hynde traduz perfeitamente o estilo rocker de ser. Foto: C6 Fest/Divulgação
Ainda que a nostalgia tenha sido um elemento recorrente na programação desse sábado no C6 Fest, carisma e performance também não faltaram no evento, desta vez em outro espaço, o palco MetLife.
Pois foi ali que Beth Ditto e o Gossip fizeram uma apresentação arrebatadora para delírio do público que lotou a área. De volta ao país após mais de dez anos de ausência, a banda não poupou energia com seu indie rock repleto de sucessos da trajetória, iniciada em 1999. Descalça e vestida em “pele de onça”, Beth, uma cantora poderosa e performática, conduziu o público com seu carisma, bom humor e muita ironia. Showzão, para os saudosos e para quem teve a oportunidade de conhecer a banda norte-americana.
E por falar em performance, Mike Hadreas entende como poucos. O cantor e compositor norte-americano, o nome por trás do Perfume Genius, entrega algo que vai do glam rock decadente ao ícone sexy da música, num jogo teatral intenso e muito atrativo.
Mike Hadreas fez de sua performance um espetáculo à parte do Perfume Genius. Foto: C6 Fest/Divulgação
Enroscado em fios, Mike literalmente deita e rola no palco, se joga, faz pose, ajoelha, se contorce e, nesse exibicionismo repleto de provocação, conduz o público a um delírio coletivo que transcende a música. E vale cumprir a competência sonora de toda a banda de Mike, elevando sua própria performance a outro nível artístico.
Mas se também um grande festival se faz pela diversidade, outras apresentações mobilizaram os mais diversos gostos musicais no Parque Ibirapuera.
Assim, o pop da baiana Agnes Nunes – que ganhou uma visita surpresa do rapper Xamã -, a batida eletrônica (daquelas bem porrada mesmo) do produtor britânico A.G. Cook, o rock alternativo do grupo indiano Peter Cat Recording Co. e o pop com cara de baladinha do norte-americano Stephen Sanchez também marcaram presença no C6 Fest, onde tem espaço pra todo mundo.
*O jornalista viajou a convite do C6 Bank