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Os papéis de uma artista inquieta
Intérprete fala sobre projetos no cinema, novela feita em Portugal e debate preconceitos históricos do Brasil
Quem tiver curiosidade em consultar o currículo de Zezé Motta vai perceber uma artista, acima de tudo, inquieta. Prestes a completar 50 anos de carreira, ela acumula 13 trabalhos fonográficos, um sem número de atuações no cinema e na TV e, com menos assiduidade, trabalhos no teatro.
A despeito da longa experiência, Zezé mostra entusiasmo com os rumos recentes de sua trajetória. Em maio, ela retornou ao Brasil depois de ar seis meses em Portugal onde atuou em uma novela local (“Ouro Verde”, da TVI), acontecimento, até então, inédito para ela.
“Foi maravilhoso, rejuvenescedor, é sempre bom experimentar coisas novas. Lá eu fazia parte de um núcleo brasileiro, com o Gracindo Júnior e a Silvia Pfeifer. Então, não precisava falar com sotaque, o que foi muito bom. A novela ainda está em cartaz, mas soube que a minha personagem já morreu”, revela, sem dispensar a sonora gargalhada, outra característica marcante da atriz, que aproveita para elogiar o tratamento recebido por ela no país de Fernando Pessoa e onde nasceu Carmen Miranda. “Adorei trabalhar com diretores e atores portugueses, são todos muito delicados. Fui recebida como uma rainha, e tive ainda um papel de destaque na trama. O protagonista era meu filho adotivo, deixado aos meus cuidados após o falecimento do personagem vivido pelo Gracindo Júnior”, conta.
Cinema. De volta ao Brasil, Zezé anuncia sua participação em nada menos do que quatro filmes para estrear este ano ou, no mais tardar, em 2018. São eles “Eu Sou Brasileiro”, de Alessandro Barros; “Comédia Divina”, de Toni Venturi; “Condomínio Jaqueline”, de Jefferson De; e “Cora Coralina”, de Renato Barbieri. Antes de comentar as atuações em cada longa, Zezé faz questão de salientar uma mudança dos tempos na hora de receber os convites. “Ninguém me chama mais pelo telefone. Pessoalmente, então, nem pensar. Agora é tudo por e-mail”, brinca.
A atriz ainda destaca o caráter diverso das empreitadas. “No ‘Eu Sou Brasileiro’ vivo uma diretora de escola que percebe qualidades não reconhecidas pelas outras pessoas no personagem principal. ‘A Comédia Divina’ é baseada num conto do Machado de Assis, faço uma participação. ‘Condomínio Jaqueline’ foi muito divertido, um desafio superlegal, porque vivo uma síndica muito louca, e saio um pouco daquele lugar da mulher certinha. E o ‘Cora Coralina’ traz uma ideia genial, com várias atrizes interpretando fases da vida dela, e eu, sendo negra, sou uma das ‘Coras’, a Walderez de Barros é outra, ficou muito bonito. Vai estrear em outubro”, diz.
Preconceitos. Outro papel a que Zezé sempre se prestou foi o de questionar e derrubar preconceitos. Para ela, o debate em torno do racismo tem evoluído no Brasil, mas ainda há muito o que melhorar. “Na dramaturgia a gente vê meia dúzia de casos onde negros têm papel de destaque, são colocados fora de estereótipos, a gente caminha a os lentos”, infere. Demandas ligadas à identidade de gênero e orientação sexual também estão no radar de Zezé. “Existe muito cinismo e hipocrisia, pessoas doentias que transam com homossexuais e depois os matam, isso é muito preocupante, precisa-se avançar com urgência nesses debates”, conclui.
Agenda
O quê. Show “Divina Saudade”, com Zezé Mota
Quando. Nesta segunda-feira (24), às 20h30
Onde. Sala Juvenal Dias (av. Afonso Pena, 1.537, centro, 3236-7400)
Quanto. R$ 40 (inteira)