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Nicolas Cage encarna um homem extraordinariamente normal em ‘O Homem dos Sonhos’
Filme, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, é uma grande alegoria da fama repentina

Esqueça o Nicolas Cage galã, vingador imbatível, astro da sedução ou qualquer outro adjetivo superlativo que o ator possa ter ganhado ao longo de seus mais de 40 anos de carreira.
Em “O Homem dos Sonhos” (“Dream Scenario”, de Kristoffer Borgli, 2023), e que estreia nesta quinta-feira (4) nos cinemas, Cage representa Paul Matthews, um homem extraordinariamente normal.Mas tão normal, que chega a ser irritante. “O cara é um tédio”, define um de seus colegas de trabalho, por quem, aliás, Matthews nutre uma certa inveja travestida de iração.
A atuação do ganhador de Oscar de melhor ator por “Despedida em Las Vegas” (1995), todavia, está longe de ser um demérito; muito pelo contrário. Assim que se coloca os olhos em um Cage praticamente calvo, que porta óculos sem armação, com uma barriga saliente e que usa roupas típicas de um pai do subúrbio dos Estados Unidos, não restam dúvidas de que ele é, de fato, um professor de ensino médio de meia-idade que leva uma vida pacata ao lado da esposa e das duas filhas adolescentes.
Na trama, acompanhamos o professor que, do dia para a noite, se vê no meio de um fenômeno bizarro: ele aparece nos sonhos de um sem-número de pessoas, conhecidas dele ou não, em uma atitude inicialmente iva. Durante o sono da filha mais nova, - cena que abre o longa -, por exemplo, ela se vê em apuros, e o pai apenas a olha, sem fazer qualquer movimento para tirá-la daquela situação.
Depois que uma antiga namorada escreve um artigo no qual conta a experiência de sonhar com o ex, Matthews a a receber uma quantidade absurda de relatos semelhantes de pessoas de todas as partes do mundo. O professor, então, a a dar entrevistas, é convidado para tirar fotos e até a mulher dele se beneficia com a notoriedade do marido.
É nesse momento que o homem comum descobre a fama. Nicolas Cage constrói seu personagem de tal maneira que sabe o momento certo de descalçar as sandálias da humildade para colocar seus sapatos de ouro. Um simples sorriso que dá ao ser aplaudido quando entra na sala de aula leva o telespectador a entender como seria o sabor que uma pessoa comum sente ao se tornar a maior celebridade de “todos os tempos da última semana”, parafraseando os Titãs.
O filme, a propósito, é uma grande alegoria da fama repentina - desde seus louros, ando pelo cancelamento até chegar ao total ostracismo. O roteiro é elaborado para prender a atenção do telespectador do início ao fim, e consegue isso até pouco mais da metade do longa, mas acaba por dar uma derrapada nos 30 minutos finais, e a obra fica um pouco cansativa.
O destaque, além do próprio Cage, vai para o uso das câmeras, usadas para mostrar diferentes pontos de vista de uma mesma cena (talvez para empregar as muitas sensações de observar uma pessoa que sobe de elevador para a fama).
Mas se há uma certeza na produção é a de que Cage se dedicou ao papel. O próprio ator, indicado ao Globo de Ouro 2024 pelo personagem, já declarou que ficou satisfeito com a atuação. “Teria gostado de sair em alta, como em ‘Dream Scenario’”, falou, sobre a possibilidade de uma despedida próxima dos cinemas.