O VILAREJO

Episódio 6 - Chacina de Angueretá: Um vilarejo marcado pela violência

Distrito cenário de execuções em série ocorridas 50 anos atrás hoje convive com ação de milícia e violência em disputa por terras

 

Angueretá é o mais antigo dos cinco distritos de Curvelo, o maior município em área de Minas Gerais. Distante 60 quilômetros da sede, o povoado tem cerca de 250 anos e ficou conhecido nacionalmente na década de 1970, quando 19 ossadas foram encontradas em cisternas da Fazenda Porto Mesquita.

As ossadas seriam vítimas de fazendeiros da região e de policiais militares de Sete Lagoas, cidade a 50km. Atualmente, as terras de Angueretá são ocupadas por herdeiros dos antigos proprietários e antigos moradores desprovidos de terras ou com extensões de terra muito pequenas, herdeiros dos antigos colonos e agregados. 

No vilarejo, onde moram cerca de 400 pessoas, os sítios têm sido parcelados, dando lugar a pequenos lotes com casas sem acabamento nem esgoto, contando com poços artesianos. As pequenas propriedades que ainda têm gado contam com poucas cabeças, de qualidade inferior. 

Há ainda pequenas roças, onde geralmente são cultivados o milho, a cana e o feijão. E, ados 50 anos da descoberta das ossadas em uma uma das grandes propriedades, Angueretá ainda convive com a violência praticada por moradores. É isso que mostramos no último episódio do podcast “A Chacina de Angueretá”. 

Um grupo formado por homens adultos age como justiceiros, chamados de “capas pretas”. Com capa e balaclava na cor preta, exibindo armas de fogo, abordam estranhos, forasteiros. Um deles faz questão de exibir a espingarda calibre .12 quando entra em ação com os demais integrantes do grupo, uma espécie de milícia. 

Outro recente episódio de violência que vitimou uma família inteira. Em 11 de outubro de 2023, quatro casas foram demolidas na área rural do distrito. Cinco pessoas moravam nos imóveis, todos parentes. Eram donas do terreno, que acabou tomado por um empresário da região.

👉🏻 O podcast 'A Chacina de Angueretá' é uma produção de O TEMPO. A reportagem completa está disponível aqui.  

O espaço permanece aberto para manifestações de instituições e familiares das pessoas citadas. Informações sobre os crimes em Angueretá podem ser enviadas para [email protected].