Voluntários de ONG se organizam para salvar cães e gatos
Animais também são resgatados da terra indígena Yanomami em condições precárias de saúde

A crise humanitária e de saúde que atinge os indígenas Yanomami tem reflexos também nos animais criados nas aldeias. Cachorros e gatos desnutridos, com doenças oftalmológicas, verminoses, e bichos de pé foram achados pelo Grupo de Resgate de Animais (G.R.A.D) nas comunidades indígenas e também na Casa de Saúde Indígena (Casai), em Boa Vista.
A equipe, que chegou a Roraima com a veterinária Carla Sassi, nunca havia presenciado situação parecida, apesar de já ter trabalhado em tragédias como as de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais. “Atuando há mais de dez anos nesses cenários, a nossa equipe nunca tinha trabalhado em uma situação tão complexa que envolve inúmeros fatores”, revelou a veterinária voluntária.
Segundo ela, a complexidade ocorre porque o o às comunidades indígenas só se dá por aeronaves. Além disso, a área é “gigantesca”. Esses animais chegaram até as terras indígenas levados pelos garimpeiros ou pelos próprios indígenas (muitos escondem os cães e gatos e embarcam com eles no regresso para casa).
A equipe de Carla esteve em algumas comunidades para tratar os cães e gatos. Segundo a profissional, eles aram por uma avaliação, receberam vermífugos, remédios para pulgas, bichos de pé, entre outros. No entanto, a situação de desnutrição de muitos é precária. “Eles estão desnutridos, alguns já bem caquéticos. É muito difícil até fazer chegar alimentação para esses animais. A ONG trabalha em parceria com o governo, mas é mantida por doações. Para quem quiser ajudar, o perfil da iniciativa no Instagram é este.
Relação
Nos dias em que atuou na comunidade indígena, Carla conta que percebeu uma relação forte entre os Yanomami e os cães e gatos. Em todas as comunidades, ela viu cães. Segundo a veterinária, quando algum dos animais morre, os indígenas se pintam em sinal de luto. “Eles velam o animal e fazem o enterro”, acrescentou. “O Tempo” percebeu a presença, especialmente de cães, nas comunidades indígenas que visitou e também na Casai, em Boa Vista.