A matemática, a química, o cinema e até o cantor Leo Jaime já tentaram explicar como encontrar a “fórmula do amor”. Mas talvez seja por meio do convincente embasamento científico que pesquisadores estejam conseguindo demonstrar, ao longo dos anos, como a ciência pode ajudar na hora da conquista. Quer aproveitar o Carnaval para ver se engata um namoro? Vista sua fantasia, pegue seu “drink do amor” e anote as últimas dicas dos especialistas para colocar em prática.

A forma de olhar para o outro, as perguntas e os movimentos corporais durante o encontro, além da demonstração de interesse logo de cara, de acordo com os estudos, podem fazer com que você seja correspondido. Uma das pesquisas, feita pela Universidade de Harvard, descobriu que manter o contato ocular é importante para aumentar a sensação de intimidade entre os indivíduos, assim como o toque. Pessoas costumam dizer estar mais satisfeitas com seu relacionamento quando são mais tocadas.

O sorriso e a capacidade de escuta também foram investigados. Manter-se sorridente, segundo análise da Universidade de Drake, deixa a pessoa mais atraente e a faz parecer mais engajada. Já os psicólogos das Universidades de Nevada e Washington revelaram que saber escutar é uma das chaves para fazer alguém apaixonar-se por você.

Olhando assim, parece até ser fácil seguir o “bê-á-bá do amor” e encontrar um parceiro na próxima esquina, mas, como cantava Leo Jaime, “as coisas são mais fáceis na televisão”. Solteira, a professora de judô Maria José de Jesus Sousa, 35, conhece bem algumas dessas dificuldades.

Ela se considera “péssima” no quesito paquera e também acredita que ser faixa preta espanta os pretendentes. “Não é um ambiente feminino. Não tem como se produzir, usar maquiagem; brincos, nem pensar. Então, meio que já me acostumei”, diz.

Maria conta que as amigas e a mãe ficam “botando pilha” para ela arrumar um namorado. “Minhas colegas me xingam, falam que acabo ficando muito em casa, que eu vou ter que paquerar o carteiro ou o entregador de pizza”, brinca.

Como os aplicativos de paquera nunca renderam nenhum encontro, “só bate-papo”, a professora resolveu investir nas aulas de tênis. “Comecei a pensar na possibilidade de conhecer alguém durante a atividade. Comprei saias e vestidos. Minha mãe ficou toda feliz, até que entrou um rapaz bem alto e bonitão na minha turma, me elogiando e tal, mas ele era gay. Em vez de um paquera, arrumei um amigo”, lembra.

‘Guru’. Para o coach de relacionamentos Fernando Fênix, o ritual da paquera mudou muito nos últimos anos, e isso acabou, por um lado, atrapalhando essa aproximação. “As pessoas se comunicam muito pela internet, é tudo online, aí no cara a cara ficam nervosas”, afirma.

Um dos maiores problemas no caso dos homens, segundo Fênix, é iniciar conversa com as mulheres, mas, para ele, basta adotar algumas mudanças comportamentais para ter mais sucesso: “Recomendo prestar atenção nos detalhes, no que o outro está falando, vestindo, e fazer alguns comentários para estimular o papo”.

O empresário oferece curso de técnicas de sedução, que tem duração de três dias e envolve aulas teóricas e práticas. Seu público principal é composto por homens com idade entre 20 e 30 anos, mas em breve ele deve lançar um curso para mulheres.

Segundo Fênix, as aulas mais concorridas são as de abordagem e conversação, por serem as questões em que as pessoas mais derrapam. “A gente vai na balada com os alunos, vê de perto o que está acontecendo, tenta corrigir, e o é imediato”, conta. O método é baseado nas ideias do maior especialista em sedução: o inglês Richard Gambler, ou Richard La Ruina.


Não existem regras para a paixão, dizem terapeutas

A ciência pode até determinar padrões baseados nos tipos de personalidade, mas, para os terapeutas e coaches pessoais e de relacionamentos Mariana Viktor e Marco Antonio Beck, nenhum estudo garante total êxito na prática. “Cada pessoa é um universo muito peculiar. O que apaixona uns pode repelir outros e não ter efeito algum nos demais”, diz Beck.

Segundo Viktor, estudos comportamentais já mostraram que o fascínio que os apaixonados experimentam – a tal da “química” – se deve em parte à atração que sentem as pessoas por quem tenha traços semelhantes aos dela ou aos de seus pais.

Já o autor Robert Johnson, discípulo de Carl Jung, em seu livro “Magia Interior”, mostra que nos sentimos atraídos por pessoas que expressam qualidades que reprimimos em nós mesmos.

A falta de autenticidade é um dos principais erros na hora da paquera, conforme explicam os terapeutas. “O maior erro é justamente seguir fórmulas e tentar parecer algo que você não é – ou pelo menos não é ainda. Primeiro, porque isso aniquila a naturalidade. As pessoas ‘sentem cheiro’, de ‘forçação’ de barra, mesmo que sutil”, afirma Beck.

O trabalho desenvolvido pelos terapeutas envolve o resgate da individualidade, autoestima e autoconfiança. “Mas tem gente que não quer saber de autoconhecimento, quer é o namorado ou a namorada de volta em três dias. Então, nossa abordagem é sempre a de devolver a pessoa pra ela mesma”, afirma. (LM)