Recebo em minha clínica diversos pacientes, em nenhum momento os trato como iguais. Cada um para mim é único, no entanto, é possível notar padrões divididos por sexo e idade.
Recebo em minha clínica diversos pacientes idosos com queixa de dor de cabeça intensa. Chegam à minha clínica literalmente segurando a cabeça, como se ela pudesse cair a qualquer momento, além de terem uma dificuldade descomunal ao deitar e levantar.
Esta é uma das poucas queixas para a qual eu tenho uma solução “mágica”; me aproximo do paciente, aperto um ponto específico em sua nuca e não surpreendentemente escuto um “ai” como resposta ao meu movimento.
O que fiz foi apertar o nervooccipital que está sendo pressionado por músculos contraídos ao seu redor.
Esses músculos estão contraídos geralmente porque a cervical foi ficando retificada e a cabeça anteriorizada sai do eixo de sustentação natural da coluna, e isso a torna muito pesada. Para a coluna, a cabeça fica parecendo um pêndulo, e o esforço da musculatura para segurá-la exige que ela fique muito contraída a todo momento.
Ao colocar a cabeça do paciente no lugar, a dor a “magicamente”, pois esse movimento permite que os músculos relaxem. Ao olhar o paciente de perfil, já é possível compreender a vulnerabilidade, e, ao palpar a cervical com vários nódulos fibróticos e tocar as áreas inervadas pelos nervos occipitais maiores e menores, tocamos a raiz da dor.
Essa é uma situação muito delicada e realmente o e medicamentoso isoladamente não trará um resultado satisfatório no alívio da dor.
Precisamos, acima de tudo, organizar a cadeia muscular como objetivo de melhorar a sustentação da cabeça.
Embora nossa sociedade ainda busque priorizar o tratamento medicamentoso para todas as dores, quando a cabeça está fora do lugar, o uso isolado de medicamentos, além de não melhorar, impede que se descubram as causas da dor e se busque resolvê-las verdadeiramente.
A evolução da cabeça fora do eixo é a sobrecarga da coluna causando artroses, discopatias entre outros problemas que muitas vezes podem chegar até a algumas indicações de cirurgias.
Mantenha a cabeça no lugar. Cuidar da força muscular para a sustentação da cabeça é muito importante para evitar as dores de cabeça de origem occipital, dores que desqualificam muito a vida.
Não é fácil fazer os pacientes compreenderem a importância de reabilitar. É laborioso fazê-los entender que uma dor tão intensa possa ter uma solução tão “simples”.
Mas reabilitar é fundamental para a cabeça ficar no lugar correto e não doer.
Ver o problema como ele é, e não como esperamos que ele seja, para assim chegarmos à solução mais assertiva, isso também é construir saúde.
Meira Souza é médica e escritora