Meira Souza

Hipoglicemia x enxaqueca v2f3o

Dor de cabeça e valor da alimentação equilibrada 31565o

Por Dra Meira Souza
Publicado em 12 de fevereiro de 2022 | 03:00
 
 

A vida sempre me surpreende. Da mesma forma como somos capazes de resistir às maiores catástrofes, precisamos de um ambiente muito ideal para permanecermos vivos.

Por exemplo: oxigênio e glicose são vitais para o cérebro. Caso faltem, nós não estaremos aqui por muito tempo para contar a história. No entanto, caso faltem parcialmente, nós conseguimos progredir, mesmo que, de certa forma, deficientes.

Um sintoma comum da falta desses elementos é a dor de cabeça. A maior parte dos pacientes que me procuram com dores e cabeça se refere a ter enxaqueca.

Embora enxaqueca não seja exatamente dor de cabeça, o termo popularizou-se, e agora entende-se enxaqueca como dores de cabeça de forte intensidade.

O que muitas vezes não é notado pelos pacientes que me procuram é o quanto a alimentação que eles adotam e essas fortes dores estão profundamente ligadas.

Os alimentos multiprocessados apresentam um índice glicêmico muito alto. Ou seja, uma capacidade de estimular muito rapidamente a produção de insulina pelo pâncreas. Em função disso, muito rapidamente a glicose fornecida por esses alimentos é retirada do sangue e conduzida até as células para fornecer energia. Se a pessoa tem um ritmo de atividade que não consuma essa energia, ela se transformará em depósito de gordura.

A glicose, uma vez direcionada para a célula, deixará o sangue em falta, causando a hipoglicemia. Neste momento, caso o paciente não se alimente novamente, ficará deficiente o fornecimento de glicose para o cérebro.

Quando o cérebro percebe essa falta, seus vasos sanguíneos se dilatam na tentativa de aumentar a oferta de glicose, pois, toda vez que o cérebro identifica falta de glicose, ele entende que está correndo riscos. Nesse momento ocorre um aumento de pressão na cabeça, pelo aumento de volume sanguíneo, e acontece a dor de cabeça.

Muitas pessoas am anos carregando analgésicos em suas bolsas, preparadas para esses momentos. Outras já tomam medicamentos preventivos para que esses momentos não ocorram.

Porém, existem também outros problemas causados por essa montanha-russa glicêmica, e, contida de manifestar esse sintoma na forma de dor de cabeça, a pessoa vive outras vulnerabilidades: como resistência insulínica e inflamações crônicas, ansiedade e, acreditem, até desmaios.

A prevalência estimada de cefaleia no Brasil é de 38,2%. Grande parte desses pacientes faz uso diário de medicamentos e acredita que nada pode ser feito para que não tenham dor além do uso dos medicamentos.

Acredito que, se investirmos mais em compreender as causas das cefaleias, e uma causa muito importante são os hábitos alimentares que predispõem à hipoglicemia, reduziremos o consumo de medicamentos e seus efeitos colaterais. Mais cuidado alimentar com certeza significa menos analgésicos. (@dra.meirasouza)