Ao menos 24 ataques com fuzis e explosivos, incluindo carros, motos e ônibus-bomba, mataram sete pessoas e deixaram outras 28 feridas nesta terça-feira (10) na cidade de Cali, na Colômbia, e em municípios vizinhos. Os atentados ocorrem três dias após o senador Miguel Uribe ter sido baleado em um comício na capital, Bogotá. As vítimas eram dois policiais e cinco civis. O ministério da Defesa classificou o episódio como "ataques terroristas".

Segundo Triana, os atentados atingiram os departamentos de Valle del Cauca, do qual Cali é a capital, e Cauca. Um dos policiais mortos estava em Cali. Lá, os ataques miraram delegacias da polícia, com motocicletas carregadas com explosivos.

Outros atentados foram registrados em municípios como Jamundi (vizinho de Cali), Corinto e na cidade portuária de Buenaventura. A prefeitura de Jamundi emitiu um comunicado na tarde desta terça afirmando que três pessoas morreram com a explosão de uma bomba.

A comerciante Luz Amparo Hincapié, dona de uma padaria em Corinto, contou que estava a caminho do trabalho com o marido no momento em que um carro-bomba explodiu. O impacto foi tão forte que "achamos que tinha sido um terremoto", disse ela à agência de notícias AFP. Ao chegar na rua onde fica sua padaria, encontrou todas as vitrines estilhaçadas.

O Estado-Maior Central (EMC), a principal dissidência das extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) liderada por Iván Mordisco, o criminoso mais procurado do país, atua na região e mantém uma guerra contra o governo de Gustavo Petro. Sem assumir a responsabilidade pelos ataques, os guerrilheiros do EMC emitiram um comunicado orientando civis a não se aproximarem de bases militares e policiais.

O general Carlos Triana, diretor da Polícia Nacional colombiana, apontou que os ataques ocorrem no mês que marca o aniversário da morte de um dos principais líderes dos dissidentes Leider Johany Noscué, conhecido como Mayimbú. Ele foi baleado em um confronto com a polícia em 2022.

O clima de tensão no país já era alto depois do episódio com Uribe. Pré-candidato à Presidência nas eleições de maio de 2026, ele está internado em estado grave após ter ado por uma cirurgia na cabeça e na perna. Segundo boletim divulgado pelo hospital, o senador apresenta "pouca resposta" ao tratamento médico.

A escalada de violência fez o país reviver o terror dos assassinatos de políticos e presidenciáveis no fim da década de 1980 e início dos anos 1990. E também põe sob pressão Petro, que é acusado pela oposição de incitar a violência.

Nas redes sociais, Petro só se manifestou depois das 18h (horário de Brasília) desta terça, afirmando que solicitou "uma reunião com as lideranças militares e policiais em Cali". Segundo o presidente, "todas as informações que ligam os escritórios da máfia da região ao ataque ao senador Uribe Turbay serão estudadas".

Mais cedo, em um longo texto no X, Petro disse que foi eleito democraticamente, criticou o suposto uso político do ataque a Uribe pela direita e afirmou que seu mandato é "de paz e de justiça social".

Também nesta terça, o adolescente de 14 anos suspeito de ter atirado em Uribe declarou-se inocente do crime de tentativa de homicídio. Ele foi detido no sábado após disparar três vezes contra o senador.