Demônios, ora encarnados, ora desencarnados
Alma, espírito e falhas imputadas à Bíblia
A língua oficial da Bíblia no Novo Testamento é o grego. E demônio lá é “daimon” (plural “daimones”) cujo significado é espírito ou alma. Kardec disse que essas duas palavras espírito e alma são sinônimas, mas que é melhor usar alma enquanto o espírito está encarnado, e espírito quando ele está desencarnado.
Porém, o mais interessante desse assunto é que para a Bíblia, “daimones”, como vimos, são almas ou espíritos humanos e não de outra categoria de espíritos. Como se vê, há no cristianismo uma tradição errada contra a Bíblia que dá a entender que os demônios são espíritos de outra categoria não humana e todos maus. Esse erro de que todos são maus talvez explique por que ninguém quer ser demônio! E perguntamos, se eles não fossem humanos, por que Deus os teria criado inimigos Dele e de nós?
De acordo com o espiritismo, todo espírito ou alma encarnada é porque precisa fazer acertos cármicos e bíblicos de acordo com a Lei Universal de Causa e efeito. E os espíritos precisam também de cumprir provas para evoluírem. Em outras palavras, ninguém de nós encarnados ainda não é anjo nem santo! Sugiro aqui aos queridos leitores confirmarem em Mateus 5: 26 o que Jesus disse: “Ninguém deixará de pagar tudo até o último ceitil”.
Essa Lei de Causa e Efeito é mesmo muito rigorosa, mas também nos mostra uma consoladora verdade, ou seja, que quando pagarmos o último ceitil, não vamos pagar mais nada, o que joga por terra, totalmente, as chamadas penas infernais sem fim.
Penas sempiternas
Alguém, certamente, dirá que a Bíblia fala que as penas do inferno são eternas. Respondo que aprendemos errado o significado de ‘eterno’ que quer dizer tempo indeterminado ou indefinido, e não sem fim, pois, depende da quantidade de pecados de cada um. E recorrendo ao latim do Novo Testamento, a língua oficial da Igreja, “sempiternus” (sempiterno no Português) é que significa sem fim.
E no original grego do Novo Testamento é “aionius” cujo significado é também tempo indefinido e não sem fim. E, igualmente, no Hebraico do Velho Testamento, “olam”, palavra ligada à eternidade e ao adjetivo eterno, quer dizer também tempo indeterminado.
Cremos que ficou bem claro que os demônios somos nós mesmos e, pois, ao invés de repudiá-los e condená-los tanto, devemos até amá-los, já que somos nós mesmos ou nossos irmãos. E não foi por acaso que o Vaticano, recentemente, proibiu os exorcismos que enxotavam e odiavam os demônios.
Que bom que os demônios e o inferno já não são mais tão terríveis como pensávamos! Aliás, tudo que Deus criou foi com amor infinito e, pois, só pode ser bom e dar certo!
PS: Com este colunista, professor de português e literatura aposentado, “Presença Espírita na Bíblia” na TV Mundo Maior. Palestras e entrevistas em TVs com ele (Youtube e Facebook). Seus livros estão, também, na Amazon, inclusive, os em Inglês. E a tradução da Bíblia (N.T.) [email protected] Cassia e Cléia