Já falamos sobre cefaleia matinal e traçamos um de seus caminhos mais comuns, a cefaleia proveniente de distúrbios insulínicos. Existe também a cefaleia occipital, que se inicia na base da nuca e se dirige para a frente da cabeça, podendo atingir a região dos olhos.
Assim como quase tudo em nosso corpo, a cefaleia occipital é um sintoma que pode vir de diversas fontes. No entanto, podemos perceber um quadro que aparece frequentemente com esse sintoma doloroso, a retificação da coluna cervical, que promove a projeção da cabeça para a frente, o que resulta em um peso gravitacional maior do que o corpo pode aguentar.
Pode parecer que não, mas a cada centímetro de projeção da cabeça, aumentamos a percepção de peso pelo corpo em até 14 kg.
O eixo de sustentação da cabeça é a coluna, mas os verdadeiros responsáveis por manter tudo no lugar são os músculos. Essa musculatura, sobrecarregada pelo excesso de peso gravitacional, acaba se mantendo contraída de maneira indevida por longos períodos.
A própria musculatura, contraída por não ter o a nutrientes e oxigenação adequada, dói. No entanto, existe um motivo particular para que exista outra dor, além da já experienciada pelo músculo.
A compressão dos nervos occipitais, maiores e menores, na base da nuca, gera uma dor que vai além da miofascial, tornando-se neuropática. Essa dor acaba por ser muito mais complexa e comumente não responde aos efeitos dos analgésicos comuns.
Pessoas com essa alteração anatômica podem apresentar distúrbios temporomandibulares, o que comumente leva ao que chamamos de “bruxismo” e até dores de ouvido.
A musculatura do nosso corpo é completamente inter-relacionada. Dores faciais e dores de cabeça exigem um olhar para a condição da coluna cervical, que muitas vezes é a base da desarmonia e, quando negligenciada, impede que tratamentos utilizados cheguem ao resultado esperado.
E isso mantém o paciente em uma condição de uso crônico de medicamentos que não deveriam ser de uso contínuo.
É importante considerar os hábitos da pessoa, a forma como a pessoa trabalha, o uso de computador e de celular, condições que deixam a cabeça muito projetada para a frente, além do uso de travesseiros inadequados, muito altos ou muito baixos. A altura ideal do travesseiro é a distância entre a cabeça e a extremidade do ombro. Também é importante estar atento à maciez do travesseiro: se for muito macio, pode acabar afundando a cabeça e mantendo o problema.
Associar ao tratamento um condicionamento muscular por meio de fisioterapia ou exercícios físicos adequados pode muitas vezes ser a chave para resolver um problema que comumente parece ter uma solução apenas com medicamentos muito intensos e de uso crônico. Caso sinta essa dor, vale ficar atento e buscar outras opções antes de se comprometer com uso crônico de algo que pode até gerar dependência.