Os mistérios da fibromialgia
Um diagnóstico comum e por vezes vago
Não tive de pensar muito para escolher este tema, para quem acompanha as crônicas fibromialgia já não é novidade, mas a extensão de pessoas afetadas por esta questão dolorosa é tão vasta que seria até mesmo incoerente não abordar o tema algumas vezes mais.
Pelo menos 3% da população brasileira é afetada pelo problema da fibromialgia, e ela pode apresentar vários sintomas, como dor, ansiedade, fadiga, depressão, alteração de sono, alterações de comportamento, alterações de memória, irritabilidade...
O diagnóstico nem sempre é fácil, pois esses sintomas também são observados em outras doenças. Até 33 anos depois de ser caracterizada, seu tratamento ainda é sintomático, ou seja, é atacado o local da dor, desconforto ou distúrbio, mas não sua causa raiz.
Este fato é extremamente frustrante, visto que, por não conseguirmos identificar a causa exata, a fibromialgia se torna uma doença de tom crônico e por muitos considerada incurável, mesmo na redução simplesmente sintomática, a terapia farmacológica sozinha não se mostra eficiente, fazendo com que o paciente recorra a muitas outras terapias na busca pelo alívio dos sintomas.
Essas terapias são diversas, acupuntura, laser, massagens, exercícios físicos...
A dor é o sintoma predominante e se caracteriza comumente por picadas, sensação de queimação... É sentida em pontos do corpo sensíveis a apalpação.
Foram estabelecidos 18 pontos, em sua maioria em inserção de músculos, se pelo menos 11 destes estiverem dolorosos, a pessoa recebe o diagnóstico de fibromialgia.
O quadro doloroso pode ser acompanhado de rigidez matinal e em alguns casos a abordagem farmacológica não é eficiente. A intensidade varia comumente, de individuo para individuo e até mesmo em dias diferentes na mesma pessoa. Caso esteja ando por momentos difíceis, é possível que o sintoma tenha uma intensidade mais severa.
Embora os exercícios físicos façam parte do protocolo de tratamento, muitas vezes a dor e a fadiga são fatores limitantes para a adesão.
Não existe um exame laboratorial ou de imagem que caracterize precisamente a fibromialgia, isto faz com que o diagnóstico seja eminentemente clínico, gerando muita confusão. Dois profissionais distintos podem acabar fornecendo informações diferentes sobre o diagnóstico e isto é muito confuso para o paciente, que muitas vezes sente sua dor e problemas descredenciados, como se sua dor fosse psicológica.
Os problemas psicológicos, de fato tem um grande impacto na saúde, mas dentro da fibromialgia, o quadro doloroso não se resume a isso.
Inicialmente a fibromialgia se confundia muito com Lesões por Esforços Repetitivos (LER), hoje isso não ocorre, porém em torno no quadro fibromiálgico, ainda há muito mistério, carecendo de muitos estudos para que se atinja tanto a descoberta dos seus fatores causais como a possibilidade de um tratamento mais eficiente que realmente atinja a cura.
Meira Souza é médica e escritora (@dra.meirasouza)