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A interminável fila da Previdência Social

Número de pedidos supera2 ,6 milhões e espera por concessão a de 50 dias

Por Editorial O TEMPO
Publicado em 26 de maio de 2025 | 07:35

A fraude dos descontos não autorizados no INSS – que levaram a cerca de 2 milhões de reclamações no aplicativo em menos de uma semana – é apenas uma das faces do problema de gestão da Previdência Social. 

Em abril, a fila de espera por um benefício chegou a 2,68 milhões de requerimentos– um crescimento de 91% em relação ao mesmo período do ano ado. Ou seja, praticamente dobrou, apesar das seguidas promessas tanto do presidente da República quanto do ministério.

Este número pode ser lido de várias formas. Pelo cidadão ele significa uma demora média de 52 dias até a liberação do benefício – em meio ao labirinto burocrático que ele envolve. Em julho do ano ado, a espera já era de intermináveis 36 dias.
Como praticamente metade dos pedidos é de auxílios-doença ou incapacidade, a greve dos peritos em agosto do ano ado acabou pesando nessa conta. Mas esse não é o único motivo.

Custo orçamentário

Em meio à aprovação da Lei 14.724/2023, que instituía o Programa de Enfrentamento à Fila da Previdência Social (Pefps), houve a adoção de um sistema online que, entre outras medidas, dispensava a perícia presencial. Isso levou a uma corrida ao atendimento e a uma enxurrada de fraudes, que forçaram a uma volta das perícias em diversos casos.

Uma outra forma de olhar os dados da fila é do ponto de vista orçamentário. A XP Investimentos calcula que o desembolso adicional de dinheiro público em função dessa fila deve chegar a R$ 20 bilhões – ou seja, duas vezes o bloqueio anunciado na quinta-feira (22) pelo Ministério da Fazenda para cumprir as despesas obrigatórias do governo federal.

A projeção é que a despesas previdenciária total feche 2025 em aproximadamente R$ 1,03 trilhão – ou seja, o equivalente a um décimo de todo o produto interno bruto do país em 2024.
A Previdência e seus segurados não podem viver de promessas. Trata-se de um problema econômico – e sobretudo social – urgente que tem sido tratado como moeda eleitoral e cuja a gestão leniente drena recursos, tempo e saúde de milhares de trabalhadores brasileiros.