Supply Chain Finance: rota ao crescimento sustentável
Gerenciar riscos entre cadeias de valor
Jacqueline Fernandes é Head Supply Chain Bram Offshore e membro do Open Mind Brazil
À medida que as cadeias de fornecimento se expandem, cresce a preocupação das empresas em liberar o capital de giro (working capital) em suas cadeias de suprimentos.
O principal conceito por trás do Supply Chain Finance (SCF) é possibilitar aos fornecedores o o a linhas de financiamento vantajosas, aproveitando a classificação de crédito mais forte da empresa compradora. O SCF se tornou uma ferramenta valiosa na gestão de riscos e ganhou ainda mais relevância após a crise financeira de 2008, como meio de istrar o capital de giro e promover a sustentabilidade das cadeias de suprimentos.
O financiamento da cadeia de suprimentos é, em essência, uma solução que permite ao fornecedor receber suas faturas (contas a receber) antes do vencimento, liberando seu capital de giro. Trata-se de um processo que beneficia tanto a empresa compradora quanto o fornecedor: acelera o fluxo de caixa, otimiza o capital de giro, permite que o comprador tenha mais tempo para pagar e o fornecedor e seu dinheiro de forma antecipada, podendo reinvestir no negócio.
Colaboração mútua de compradores e fornecedores
Diferentemente de outras estratégias de financiamento de Contas a Receber, como o factoring, no SCF o financiamento é estruturado pela empresa compradora, não pelo fornecedor. Além disso, o custo de financiamento no SCF é baseado na classificação de crédito do comprador, e não do fornecedor. Isso gera taxas de financiamento mais baixas para os fornecedores, se comparadas a outras formas de crédito.
O SCF depende de uma colaboração mútua entre a empresa compradora e seus fornecedores. O comprador otimiza seu capital de giro, enquanto o fornecedor gera fluxo de caixa adicional. Com isso, reduz-se o risco nas operações de comércio global, agilizam-se processos, melhora-se o processamento de faturas e aumenta-se a resiliência da Cadeia de Suprimentos.
O SCF é mais eficaz quando a empresa compradora possui uma classificação de crédito melhor do que seus fornecedores, permitindo a ela ar capital a um custo menor. Esse diferencial permite a negociação de prazos de pagamento mais longos para o comprador e, ao mesmo tempo, liquidez imediata para o fornecedor via instituição financeira parceira.
Na prática, depois que a empresa compradora firma um acordo com uma instituição financeira, ela convida seus fornecedores a aderirem ao programa. O objetivo é reduzir o custo operacional para todos os envolvidos, fortalecendo toda a Cadeia de Suprimentos.
Novos desafios de ESG
Entretanto, apesar dos benefícios, a implementação do SCF também impõe novos desafios, principalmente relacionados à adoção de práticas ambientais, sociais e de governança (ESG). A pressão por responsabilidade e transparência está levando as corporações a integrarem critérios ESG em seus programas de financiamento, embora ainda não existam padrões globais definidos para isso. Assim, caberá aos credores e às empresas criarem estruturas próprias que atendam aos requisitos de financiamento sustentável.
A inclusão de metas ESG no Supply Chain Finance é um o crucial para a construção de uma economia global mais forte e sustentável. Usar o SCF como mecanismo de alinhamento a práticas ESG pode ajudar as empresas a maximizar o fluxo de caixa, fortalecer a relação com fornecedores e promover transformações significativas em toda a cadeia de valor.
Adotar iniciativas de SCF alinhadas a ESG será vital para as empresas que desejam criar valor de longo prazo, atender a exigências regulatórias e manter sua posição de liderança em um mercado cada vez mais orientado para a sustentabilidade.