e mais publicações de Negócio e Franquia

Negócio e Franquia

A Negócio e Franquia é uma empresa especializada em conteúdo sobre Franquias, Shopping Centers, Varejo, Gestão e Capacitação com o foco em ajudar empresários que pretendem melhorar a sua gestão e pessoas que se interessam e sonham em empreender também de forma assertiva.

IMPOSTOS

Carga tributária consome mais da metade do lucro no varejo

Impostos elevados forçam empresas a fechar portas e aumentam informalidade

Por Gabriel Molnar e Rodrigo Campelo
Atualizado em 20 de maio de 2025 | 11:56

No Brasil, o varejista que trabalha dentro da lei pode perder mais de 50% do seu lucro com impostos. Isso acontece por causa da alta carga tributária, que inclui taxas como ICMS, PIS, Cofins, IRPJ e CSLL. O peso dos tributos é tão grande que 6 em cada 10 empresas fecham as portas antes de completar 5 anos, segundo o IBGE.

Com carga tributária total chegando a 32,32% do PIB em 2024, segundo dados do Tesouro Nacional, o país segue entre os que mais arrecadam proporcionalmente no mundo, e parte desse fardo recai sobre o comércio. Estudos do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) estimam que cerca de 33% do faturamento bruto das empresas varejistas vai para tributos, tanto diretos quanto indiretos.

Em outras palavras, a cada R$ 3 faturados, R$ 1 vai para os cofres públicos.

Margem apertada fecha empresas que mal abriram

Em empresas que operam no regime do Lucro Real (em que os tributos são calculados após descontar todas as despesas) a soma das alíquotas pode ultraar 50% do resultado líquido. A consequência aparece nas estatísticas: cerca de 60% das empresas brasileiras fecham antes de completar cinco anos, segundo o IBGE. No varejo, o cenário é ainda mais dramático.

Um levantamento da Cortex aponta que, entre janeiro de 2014 e agosto de 2024, 7 milhões de lojas encerraram atividades no país, o que equivale a seis em cada dez estabelecimentos abertos no período.

Diante das dificuldades, muitos varejistas recorrem à informalidade como estratégia de sobrevivência. Dados do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) revelam que 42% da força de trabalho do setor atua informalmente, sem registro em carteira. A evasão é uma forma de aliviar o peso fiscal, mas também gera um ciclo de baixa produtividade, insegurança jurídica e concorrência desleal.

Burocracia aperta o varejo

Não é só o valor dos tributos que pesa. O tempo e os recursos exigidos para cumprir obrigações fiscais também dificultam a vida de quem quer empreender. De acordo com o relatório Doing Business 2020, uma empresa brasileira média gasta 1.501 horas por ano só para lidar com tributos — o equivalente a cerca de 63 dias úteis, ou uma equipe dedicada quase exclusivamente à área fiscal.

Esse número é dez vezes maior que a média de países desenvolvidos, onde o tempo médio é de 149 horas anuais. É um dos fatores que explica a baixa competitividade do Brasil no cenário global, segundo o próprio relatório.

Já o Global Business Complexity Index 2024, do TMF Group, coloca o Brasil como o 7º país mais complexo do mundo em termos de ambiente fiscal e regulatório. Isso acontece porque cada estado e cidade tem suas próprias normas, e elas mudam com frequência, o que torna caro e complicado seguir todas as exigências.

Além disso, empresas médias precisam lidar com dezenas de obrigações órias mensais: SPED, eSocial, DCTF, DIRF, REINF e outras, exigindo estrutura contábil robusta mesmo em negócios de pequeno porte.

Consumidor paga mais caro

O Brasil também se destaca negativamente na tributação sobre o consumo. Em 2023, os impostos sobre bens e serviços representaram 12,6% do PIB, frente a 9,9% na média da OCDE. Essa carga elevada sobre o consumo distorce preços e prejudica especialmente os consumidores de baixa renda, além de encarecer a operação das empresas que dependem do volume para lucrar.

Sem mudanças profundas na estrutura tributária, o varejo continuará sob constante pressão, reando os custos ao consumidor.