A decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), de estender até 28 de agosto o prazo para que Minas volte a pagar a dívida de cerca R$ 165 bilhões foi recebida com alívio pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e acabou evitando também que o deputado e pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte Mauro Tramonte (Republicanos) precisasse votar na quinta-feira de forma favorável ou contrária à adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF).
Deputados relataram reservadamente ao Aparte que estavam curiosos para saber qual seria o voto de Tramonte um dia após o Novo retirar a pré-candidatura da ex-secretária Luísa Barreto à prefeitura para apoiá-lo. A expectativa era saber se, após o governador Romeu Zema (Novo) recebê-lo em um almoço para declarar o apoio à sua pré-candidatura, o deputado votaria a favor, ou se, assim como na votação em primeiro turno, votaria contra.
Mauro Tramonte teria, inclusive, sido orientado a se abster na votação para evitar uma saia justa. Se votasse a favor, ele assumiria um desgaste com os servidores públicos estaduais de Belo Horizonte, já que a adesão ao RRF prevê apenas duas recomposições inflacionárias em nove anos. Se votasse contra, iria se indispor com o governo.
O apoio do Novo teria causado um mal-estar entre as bancadas do PSD e do PL, que têm como pré-candidatos, respectivamente, o prefeito Fuad Noman e o deputado estadual Bruno Engler. “Todos nós temos um desgaste por apoiar o governo (no RRF), e o governo apoia um pré-candidato que quer ver o governo quebrar? É muita incoerência”, questiona um parlamentar, sob anonimato.
Um parlamentar chegou a dizer que muitos iriam esperar o voto de Tramonte para “votar igual” ao deputado estadual. Quando Nunes Marques atendeu ao pedido do governo Zema para estender a data até o dia 28 de agosto, o presidente da ALMG, Tadeu Leite (MDB), Tadeuzinho, suspendeu a votação. A Casa estava preparada para votar o texto-base da adesão ao RRF em segundo turno para atender ao prazo dado pelo STF, que venceria justamente na última quinta-feira.
Procurado, Mauro Tramonte afirmou que iria repetir o voto contrário do primeiro turno se a ALMG voltasse a apreciar a adesão ao RRF. “Apesar de ter fechado o apoio do Novo, sempre mantive independência e coerência nas votações. Estive presente ontem (quinta-feira). Minha presença foi registrada. Estava lá para votar de acordo com a minha convicção, estudo e conhecimento sobre a matéria”, apontou o pré-candidato à prefeitura.
O deputado e presidente estadual do PSD, Cássio Soares, e o deputado e o 2º vice-presidente estadual do PL, Gustavo Santana, foram procurados, mas, até a publicação desta reportagem, não atenderam as tentativas de contato. O secretário de Estado de Governo, Gustavo Valadares, também não se manifestou sobre o assunto.