Com 2026 se aproximando, o senador Carlos Viana (Podemos-MG) quer tentar a reeleição para o Congresso Nacional. Entretanto, o parlamentar não descarta disputar como governador de Minas Gerais, cadeira que ele também chegou a pleitear em 2022 e configurou em terceiro lugar. Viana falou sobre o futuro político durante entrevista ao programa Café com Política, exibido no canal no YouTube de O TEMPO nesta terça-feira (10 de junho).

Conforme Viana, inicialmente, ele não pretendia se candidatar em 2026. A ideia era cumprir apenas o mandato como senador. Entretanto, diante de sua atuação em Minas Gerais e o trabalho conjunto com seu filho, o deputado federal Samuel Viana (Republicanos), ele foi incentivado a buscar a reeleição ao Senado. O parlamentar afirma que concorrer como deputado, seja estadual ou federal, não está nos seus planos. Entretanto, ele não descarta concorrer como governador por conta de um “vácuo” na política diante dos embates entre esquerda e direita, citando, como exemplo, o que ocorreu nas eleições para a Prefeitura de Belo Horizonte no ano ado.

“Ao meu ver, esse radicalismo da extrema-direita que tentou ganhar Belo Horizonte mostrou que não tem como agregar, que é uma extrema-direita, que, infelizmente, divide, e uma esquerda que não tem o que propor, porque a gente já conhece a esquerda, a gente já sabe do que eles são. É só ver os resultados econômicos até o momento, o governo Lula é um desastre”, diz. “Esse vácuo gera desesperança, gera 40% de gente que não quer votar. E eu estou aqui para poder servir. Se houver um consenso da possibilidade de ser candidato a governador, por que não? Mas a minha ideia inicial é me viabilizar para reeleição ao Senado”, reforça.

Em 2022, Viana disputou o cargo de governador de Minas, ficando em terceiro lugar na disputa com 7,23% dos votos. Na ocasião, Romeu Zema (Novo) foi reeleito já no primeiro turno, com mais de 56% dos votos válidos. O ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, na época filiado ao PSD, teve 35% dos votos, ficando na segunda colocação. Já no ano ado, Viana também tentou disputar a chefia do Executivo da capital mineira, mas ficou em sétimo lugar, com cerca de 1% dos votos válidos.

Na avaliação do senador, cada eleição funciona de uma forma diferente. No caso do Executivo, por exemplo, ele cita a força da “máquina pública”, o que levou à reeleição de Fuad Noman à prefeitura e de Zema ao governo. Apesar do baixo desempenho, para os próximos pleitos, Viana afirma que pretende “continuar sendo a mesma pessoa”.

“Eu vou fazer as pessoas pensarem. Se vou ganhar ou se vou perder, aí é uma decisão da população, porque eu estou aqui para servir. Se perder, vou seguir a minha vida, vou continuar trabalhando no dia a dia, mas se ganhar, vou continuar fazendo aquilo que eu penso da política, que é resultado. A minha visão é a seguinte: se política não traz melhora na qualidade de vida das pessoas, a política não serve para nada”, afirma.

Futuro no Podemos

Nos últimos anos, Carlos Viana já trocou de partido quatro vezes. Inicialmente filiado ao extinto PHS, por quem foi eleito senador, o parlamentar migrou para o PSD em 2018 e permaneceu na legenda até 2021, quando trocou a sigla pelo MDB. Em abril de 2022, o senador foi para o PL, mirando a candidatura ao governo de Minas. Em fevereiro de 2023, Viana deixou o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro para se filiar ao Podemos.

A relação com o Podemos, entretanto, ou por altos e baixos. Antes mesmo de lançar sua candidatura, Viana teve desavenças quanto a quem seria sua vice na chapa para concorrer ao cargo de prefeito da capital mineira. Enquanto o senador queria a líder comunitária Kika da Serra (Podemos), a presidente da sigla em Minas, Nely Aquino (Podemos), defendia o nome de Renata Rosa (Podemos). No fim, Kika abriu mão de ser vice e concorreu à vereadora.

O embate gerou rumores de que Viana também deixaria o Podemos. Apesar disso, em outros momentos, o senador afastou a possibilidade de sair da legenda. Durante a entrevista ao Café com Política, o senador também foi questionado sobre a relação com o partido, que está em processo de fusão com o PSDB. De acordo com Viana, ainda é necessário aguardar os desdobramentos para definir os rumos, bem como possíveis apoios no pleito de 2026. Ele lembra, por exemplo, que tem bom relacionamento com os senadores Cleitinho Azevedo (Republicanos) e Rodrigo Pacheco (PSD), ambos sendo cotados para também disputar a cadeira do Governo de Minas.

“Eu gosto do partido, nós temos condição em Minas de montar um trabalho bem feito em relação à eleição, mas é preciso ver seus desdobramentos, porque uma fusão com o PSDB vai criar rumos completamente diferentes”, diz. “Se for preciso, eu mudo novamente por questão de coerência comigo mesmo.”