O ex-chefe de gabinete do prefeito Alexandre Kalil (PSD) Alberto Lage encaminhou à Comissão Municipal do PSD um pedido de impugnação da filiação do secretário de Governo, Adalclever Lopes, ao partido. Lage é filiado à legenda e um dos vogais da comissão provisória. O ingresso do ex-presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) ao PSD foi oficializado em ato, nesta quarta-feira (24), em Brasília, em meio ao encontro nacional do partido. Inclusive, a filiação foi abonada por Kalil. O TEMPO tenta contato com Adalclever por chamadas telefônicas e mensagens de texto para se posicionar sobre as acusações. Entretanto, não teve retorno até o momento.

Conforme Lage, “o poder deletério da filiação de Adaclever Lopes a qualquer partido que (...) venha a se filiar, seu papel desagregador em seu partido anterior e os atos (anteriores) especificamente hostis a membros do PSD” justificam a impugnação. De acordo com o regimento interno do PSD, após exame de validade do pedido de impugnação, Adalclever teria três dias para contestá-lo. Em seguida, o processo seria encaminhado à direção municipal para decisão em cinco dias. A filiação será aceita após o pedido de impugnação ser rejeitado. O presidente da Comissão Municipal do PSD, o vice-prefeito Fuad Noman, e o presidente do diretório estadual, Alexandre Silveira, acompanharam a formalização da chegada de Adalclever. 

O ex-chefe de gabinete de Kalil aponta que Adalclever seria inábil para a convivência partidária. “É de conhecimento público que seu pedido de ingresso nos quadros do PSD se dá após, no exercício de cargo de tesoureiro do MDB, articular insurgência contra os outros membros do diretório estadual do referido partido, editando suposta portaria inválida, com competências que não lhe cabiam, para assumir o controle das finanças daquela agremiação.”

Além disso, Lage questiona a competência do ex-deputado estadual enquanto articulador político, já que, de acordo com o ex-chefe de gabinete, Adalclever seria o responsável pela ruptura política entre Kalil e a Câmara Municipal de Belo Horizonte, assim como entre o prefeito e partidos da base, como o Progressistas e o Avante. “Sob a batuta do secretário Adalclever, o governo municipal, liderado pelo peessedista Alexandre Kalil, ou de amplamente apoiado no legislativo municipal para pária político, alvo de comissões parlamentares de inquérito em série.” Aliás, Lage ainda aponta que Adalclever foi o responsável por sua saída do gabinete de Kalil.

O ex-aliado de Kalil também contesta “suspeitas morais e éticas” de Adalclever, uma vez que o secretário, afirma Lage, poderia ter uma comissão parlamentar de inquérito aberta contra ele a qualquer momento pela Câmara Municipal. “Mesmo sem realizar pré julgamentos, é prudente que o PSD pondere o risco de aceitar a filiação, nesse momento, de alguém que pode ter uma comissão parlamentar de Inquérito contra si próprio instalada a qualquer momento, vive seu inferno-astral político, possui uma série de denúncias apenas aguardando despacho da Presidência do legislativo da Capital mineira, e é citado em diversos inquéritos e denúncias.”

Alberto Lage ainda acusa o ex-presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) de desrespeito à hierarquia partidária. Segundo ele, Adalclever, ainda no MDB, teria convidado o vereador Gabriel Azevedo (sem partido) a se filiar ao PSD, “fazendo promessas em nome do presidente do partido, Gilberto Kassab, de que Azevedo seria a ‘estrela’ do partido e que o PSD lhe garantiria apoio para a eleição de prefeito da capital mineira em 2024”. Por fim, Lage ainda enumera atos hostis que o ex-deputado estadual teria cometido contra mandatários do próprio PSD.

O ex-chefe de gabinete acrescenta que se coloca à disposição da Comissão Municipal do PSD para apresentar provas em texto, áudio e vídeo dos questionamentos elencados no pedido de impugnação, “preferencialmente a serem disponibilizados em contexto privado e sigiloso”.