Após sair da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) vinculado ao ex-governador Fernando Pimentel (PT), o ex-presidente Adalclever Lopes (PSD) pode retornar à Casa pressionado por um alinhamento ao governo Romeu Zema (Novo). Suplente, o ex-deputado estadual herdará, em 2025, a vaga de Douglas Melo (PSD), que vai renunciar ao mandato após ser eleito prefeito de Sete Lagoas, região Central de Minas Gerais.

A eventual adesão de Adalclever à base de Zema é atribuída nos bastidores da ALMG à necessidade do ex-presidente em recuperar as bases eleitorais que perdeu desde 2019, quando deixou a Casa ao fim do quarto mandato. Há dois anos, quando conciliou a coordenação da campanha do ex-prefeito Alexandre Kalil ao governo de Minas Gerais com a candidatura, o ex-deputado estadual teve 40.974 votos, quase 30% a menos do que os 58.180 votos que recebeu em 2014, última vez que foi eleito.

A avaliação é que Adalclever vai precisar de emendas parlamentares e da estrutura de secretarias, como, por exemplo, de Educação e de Saúde, para recuperar as bases eleitorais. Ao Aparte, um deputado estadual, que pediu reserva, ponderou que o ex-presidente da ALMG, que, segundo ele, sempre teve “votações cirúrgicas” para se reeleger, como os 58.180 votos de 2014, terá que “correr atrás de votos” até as eleições de 2026.      

Somada à necessidade de Adalclever em recuperar as bases eleitorais, a presença do PSD na base de Zema, partido ao qual se filiou quando deixou a Secretaria de Governo da istração do ex-prefeito Alexandre Kalil (sem partido), pode facilitar o alinhamento do ex-presidente ao governo. Apesar de o governador ter preterido Fuad Noman (PSD) para apoiar Bruno Engler (PL) no 2º turno das eleições para a Prefeitura de Belo Horizonte, o PSD permanecerá na base. 

O papel de Adalclever no retorno à ALMG ainda é uma incógnita entre os pares, já que a volta de um ex-presidente à Casa é tratada como peculiar. Embora avalie que a presidência do ex-deputado estadual entre 2015 e 2018 tenha sido positiva, outro parlamentar, que também pediu anonimato, diz que o suplente de Douglas não terá “pretensões mirabolantes”, como, por exemplo, a presidência de uma comissão ou um cargo de liderança.  

O retorno de Adalclever à ALMG como suplente é citado por um deputado estadual como um obstáculo para que o ex-presidente tenha protagonismo. O ex-secretário de Governo de Belo Horizonte é segundo suplente do PSD. A princípio, a cadeira de Douglas sobraria para Makoto Sekita, que é o primeiro suplente. Como Makoto foi eleito prefeito de São Gotardo, Alto Paranaíba, a vaga caiu no colo do ex-deputado estadual.

Entretanto, há quem avalie que, justamente pela condição de ex-presidente, é difícil que Adalclever seja coadjuvante. Um deputado estadual crê que ele terá protagonismo caso queira, já que a maioria das lideranças da ALMG hoje conviveu com o ex-parlamentar. A avaliação é que a redistribuição das comissões após a eleição para a Mesa Diretora, que deve reconduzir o presidente Tadeu Leite (MDB), o Tadeuzinho, será um termômetro de qual o papel do ex-presidente em seu retorno. 

Pesa a favor de Adalclever o prestígio do período à frente da presidência da ALMG. Outro deputado estadual recorda que o o à sala do ex-presidente, que atendia todos os parlamentares, era livre e o relacionamento durante o dia a dia, “tranquilo”. Apesar de ser descrito por alguns como “presidente de Pimentel”, Adalclever é lembrado como alguém que também dava ouvidos à oposição ao governador à época.    

Procurado pela reportagem, Adalclever não atendeu aos contatos até a publicação desta reportagem. Tão logo se manifeste, o posicionamento será acrescentado. O espaço segue aberto.