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50 gravatas e 20 coletes: vereadores chamam atenção na Câmara de BH por vestimenta característica
Para sustentar o figurino, Braulio Lara (Novo) e Rudson Paixão (Solidariedade) mantêm o guarda-roupa abastecido com dezenas de peças idênticas
Na Câmara de Belo Horizonte, o figurino de dois vereadores virou marca registrada. Braulio Lara (Novo) e Rudson Paixão (Solidariedade) circulam praticamente todos os dias com as mesmas peças: Braulio, com sua gravata laranja; Rudson, com o mesmo colete estampado.
O hábito é sustentado por um armário generoso: segundo Braulio e Rudson, são cerca de 50 gravatas e mais de 20 coletes, respectivamente, para garantir a repetição diária do visual sem precisar usar exatamente a mesma peça. Os dois contaram à coluna Aparte que adotaram essas marcas antes mesmo de assumirem os mandatos.
O parlamentar do Novo disse que começou a usar a gravata em alusão à identidade visual de uma imobiliária que mantinha no seu bairro. Segundo ele, o hábito, que existe desde 2014, foi mantido em sua primeira disputa a uma vaga na Câmara, em 2016, quando era filiado ao PRTB.
"A cor predominante da minha rede de imobiliárias é o laranja. Eu tinha só uma gravata laranja e fiz uma foto institucional para fazer propaganda da empresa. Na época, a gente ainda vendia imóvel utilizando anúncio de jornal. Então, o objetivo era de divulgar a imagem e trazer, obviamente, clientes dentro do mercado de imóveis. Só que essa imagem foi sendo replicada por um bom tempo até quando resolvi ser candidato. Falei: ‘poxa, a imagem que as pessoas já me conhecem de impressos e de jornais é utilizando a gravata laranja. Então, como uma estratégia de marketing, vou ar a usar sempre a gravata laranja’".
Rudson, que tem o escrito “vereador que fiscaliza” no colete, disse que a ideia também surgiu antes de ocupar uma cadeira na Câmara, quando ainda atuava como uma liderança comunitária. "Já tem 16 anos que a gente faz um trabalho de fiscalização na cidade de Belo Horizonte. No vetor norte da cidade, a gente ficou muito conhecido como cidadão que resolvia os problemas. E aí muitas pessoas falavam: ‘chama o Rudson que ele fiscaliza'”, explica.
“Isso começou a entrar no nosso coração de forma positiva, porque a gente começou a virar uma referência boa para a população, que estava bem carente de políticos que de fato olhassem para a região Norte, que infelizmente hoje é a região que preconiza o menor IDH da cidade. E a gente falou: "poxa, já que a gente conseguiu incutir no consciente da população, de fato, qual é o nosso objetivo, que é fiscalizar para melhorar a políticas públicas aqui da região, vamos criar então uma marca que seja nossa e que venha expandir para o povo'’’.
Segundo o vereador, foi então que surgiu o colete com os dizeres “cidadão fiscaliza”, que ainda é usado, eventualmente, de forma voluntária por integrantes de seu gabinete. Já o modelo com “vereador fiscaliza” ou a ser adotado por ele ao assumir o mandato, pela primeira vez, neste ano. “Acho que continuando dessa forma a gente consegue de fato mostrar para a população que a gente não perdeu a essência”.
O laranja é um elo visual entre os figurinos dos dois vereadores. Rudson contou que a escolha pela cor veio depois de sua eleição, com um sentido simbólico: “A gente usava muito o verde quando era o ‘cidadão fiscaliza’, por remeter à esperança. Éramos uma expectativa. Agora, somos realidade. Por isso amos a usar mais o laranja, que é uma cor forte, que remete à ação, à força. As cores falam muito. Hoje uso bastante o laranja, mas também temos vermelho, verde e branco”.
Para ele, o colete vai além de um uniforme: “Virou quase uma armadura. Não me sinto melhor nem pior que os colegas que têm como hábito usar paletó ou blazer - acho bacana -, mas me sinto muito bem assim”. Quanto ao número de coletes no armário, disse que “já ou de 20”.
Braulio Lara contou que a escolha pela cor acabou dificultando a reposição de gravatas no começo: “é muito difícil encontrar essa gravata para comprar”, afirmou. A solução veio por acaso, mais de uma década atrás, quando um vendedor de gravatas apareceu em sua loja.
“Um sacoleiro chegou na minha empresa oferecendo gravatas. Eu disse: ‘só compro se tiver gravata laranja’. Ele procurou, procurou e não tinha. Aí falei: ‘pode trazer todas as que você encontrar que eu vou comprar’. Ele perguntou quantas, e eu disse: ‘100 gravatas’. Ele ficou mais ou menos 90 dias para aparecer de novo e voltou com 20 gravatas laranjas", relembra Braulio.
"No meio dessa história toda, descobri quem que era o fornecedor das gravatas. É no mesmo lugar aonde várias noivas vão para equipar os seus padrinhos com as mesmas gravatas das mesmas cores e dos mesmos tons, eu sempre vou lá e compro as gravatas laranjas. Então nunca faltou gravata laranja. Eu devo ter umas 50 e estou sempre renovando”.
Braulio avalia que a peça “virou uma identidade visual que não tem como as pessoas esquecerem”, e brincou: “se eu estou sem gravata laranja, ninguém nem me reconhece”.