BRASÍLIA - Uma comitiva do Senado viajará aos Estados Unidos para visitar foragidas dos atos de 8 de janeiro que foram presas em 21 de janeiro por imigração ilegal, em processo intensificado pelo presidente Donald Trump. A viagem oficial, que será paga com recursos públicos, foi aprovada na última semana pela Comissão de Direitos Humanos.
A investida é de senadores da oposição, que querem fazer uma diligência onde as brasileiras estão presas na cidade de El Paso, no Texas. O objetivo, de acordo com o texto aprovado, é “averiguar as condições carcerárias e possíveis violações de direitos humanos”.
A viagem foi proposta pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE) e assinado, também, pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF). De acordo com Girão, as mulheres ficaram sete meses presas no Brasil após o 8 de janeiro e saíram da prisão com a imposição de medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, apresentação semanal à Justiça e proibição de uso de redes sociais.
Apesar disso, foram para os EUA “em busca de proteção política”, segundo o senador. São elas: Michely Paiva Alves, Cristiane da Silva, Rosana Maciel Gomes e Raquel Lopes de Souza. Girão também defendeu a inocência das mulheres da acusação de depredação de prédios públicos, ressaltando que elas “somente adentraram em um prédio para se proteger das bombas que eram ateadas por helicópteros".
“É imprescindível que a Comissão de Direitos Humanos do Senado realize uma diligência, com urgência, a fim de verificar as condições dessas presas e investigar as denúncias de abusos e violações de direitos humanos. A visita proporcionará uma avaliação direta da situação e ajudará a promover a responsabilização de todos os envolvidos nesses atos arbitrários”, alegou no requerimento aprovado.
As mulheres foram presas um dia após a posse de Trump, em um patrulhamento nas fronteiras do Texas. Do Brasil, elas fugiram para a Argentina, onde estavam desde o primeiro semestre do ano ado.
Três delas já foram condenadas por crimes referentes aos atos de 8 de janeiro, enquanto a quarta é ré e tem mandado de prisão em aberto. As defesas alegam que não há provas de que elas tenham depredado bens públicos ou cometido crimes. Elas tentaram ir para os EUA após os pedidos de extradição do Supremo Tribunal Federal (STF) com autoridades argentinas.
Em maio, Cristiane de Silva, outra mulher natural de Balneário Camboriú (SC), foi presa ao chegar ao Brasil em voo com outras 102 pessoas repatriadas dos Estados Unidos. Ela também foi condenada por participação nos atos de 8 de janeiro de 2023.
Ela recebeu um ano de prisão por associação criminosa pela participação na invasão das sedes dos Três Poderes, mas teve a pena convertida em medidas alternativas, como prestação de serviços comunitários e participação em curso sobre democracia. Mas não quis o acordo de não persecução penal e fugiu do país.