BRASÍLIA - O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) negou, nesta quarta-feira (4), qualquer interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no depoimento que prestou ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito do inquérito que investiga tentativa de golpe de Estado.
Ele itiu ter recebido uma ligação de Bolsonaro antes da audiência, mas disse que eles não trataram do conteúdo do depoimento na chamada.
“Nada de irregular ou ilegal ocorreu”, afirmou Mourão. “O ex-presidente entrou em contato comigo dias antes da data marcada pelo STF me consultando se concordaria em depor como testemunha”, acrescentou. “Concordei com o pedido, e ei a perguntar-lhe sobre seu estado de saúde”, completou.
Mourão disse, ainda, que Bolsonaro não o constrangeu ou o ameaçou. “Meu depoimento foi a expressão da verdade em cada palavra, ratificando-o integralmente”, concluiu.
Nessa terça-feira (3), o ministro Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal (PF) ouça o senador Mourão sobre o conteúdo dessa ligação entre ele e Jair Bolsonaro. O pedido partiu originalmente da Procuradoria-Geral da República (PGR) após ser revelado que os dois conversaram sobre o depoimento.
Depoimento ao STF
Vice-presidente de Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão negou ao STF participação na suposta tentativa de golpe de Estado e disse que não recebeu ordens para agir contra a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Mourão era uma das testemunhas de defesa indicadas por Bolsonaro e pelos generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Os quatro integram o núcleo crucial da trama golpista, segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República.
Todos eles são réus no STF pelos crimes de: organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado, dano qualificado ao patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.