O União Brasil decidiu abrir um processo de expulsão do atual presidente do partido, o deputado federal Luciano Bivar (PE), em reunião da Executiva Nacional da legenda nesta quarta-feira (13), em Brasília. Foram 17 votos favoráveis, com 15 ausências.
Com isso, a legenda abre um processo de afastamento cautelar de Bivar do cargo e de cancelamento de sua ficha de filiação. Assim que notificado, o parlamentar terá até 72 horas para apresentar sua defesa, a ser avaliada posteriormente pela mesma Executiva.
A crise no partido escalou após duas casas de veraneio do presidente eleito da legenda, Antonio de Rueda, terem sido incendiadas na noite de segunda-feira (11), em Pernambuco. Ele derrotou Bivar na última eleição pelo comando do partido, em 29 de fevereiro.
Os caciques do União Brasil tratam o episódio como crime político e apontam Bivar como principal suspeito. Ele perdeu a liderança do partido há duas semanas, após tentar impedir a convenção que deu vitória a Rueda. Ele assume a sigla em 1º de junho.
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O ofício avaliado pelas lideranças do partido considera que Bivar fez ofensas e ameaças contra Rueda e seus familiares, inclusive sua filha de 12 anos; indícios de motivação política criminosa nos incêndios; violência política contra a mulher de Rueda, Maria Emília Rueda, que é tesoureira do partido; e validação de cartas de desfiliação de seis deputados sem submeter à decisão colegiada do partido e mesmo após parecer contrário do Ministério Público Eleitoral.
"O Luciano Bivar fez ameaças à minha pessoa e a minha failia. ele me ameaçou de morte e ameaçou familiares meus, por telefone. Não tem troca de acusações. Tem fatos que aconteceram e foram registrados. [...] Luciano está de forma desenfreada atacando a mim e à minha família", disse Rueda.
"Imaginar que uma pessoa pode querer presidir um partido ameaçando as pessoas, incendiando casas, achando que pode ameaçar a filha do presidente, amedrontar a todos, trancar porta de auditório. [...] Isso é postura de gângster", afirmou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado.
O União Brasil tem a terceira maior bancada do Congresso Nacional, com 59 deputados e sete senadores, além de quatro governadores e três ministros no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT): Juscelino Filho (Comunicações), Celso Sabino (Turismo) e Waldez Goes (Integração e Desenvolvimento Regional).
Rueda registrou ocorrência por ameaças e acusou Bivar
Em nota divulgada nesta terça-feira (12), os irmãos Rueda disseram ter pedido à Polícia Civil de Pernambuco "célere e rigorosa investigação dos fatos" e acrescentaram que a família "não descarta a possibilidade de um atentado motivado por questões político-partidárias". No entanto, eles não citam Luciano Bivar.
Antonio de Rueda registrou, na véspera do encontro que o consagrou presidente do União Brasil, ocorrência de ameaças de morte contra ele e familiares. Rueda acusou Bivar de ser o autor. O ex-presidente do partido também tem uma casa na praia de Toquinho.
As ameaças, segundo o presidente eleito do partido, tinham como motivação justamente a disputa pelo comando do União Brasil. Ele foi eleito presidente da sigla em 29 de fevereiro. Bivar tentou impedir a convenção, mas seus adversários aprovaram um recurso para garantir o encontro. Bivar foi à reunião e chamou Rueda de “covarde”.
Um dia antes, Rueda fez representação criminal contra Bivar na Delegacia Especial de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil do Distrito Federal. Devido ao foro privilegiado de Bivar, a polícia pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para abertura de investigação contra ele. O caso tramita em segredo de Justiça.
Um vídeo publicado pelo portal Metrópoles mostra uma conversa dos dois ao telefone, por volta das 23h de 26 de fevereiro. No breve trecho, uma voz, que seria de Bivar, diz a Rueda que “acabaria” com o parente dele. O vídeo não mostra o contexto da conversa.
Na queixa à polícia, Rueda disse ainda que Bivar falou com ele naquela noite por meio do telefone do deputado federal Marcelo Freitas, (União-MG), que intermediou o contato. Na sequência do vídeo, gravado pela mulher de Rueda, Florinda, o vice-presidente do União Brasil disse ao deputado que esse era o motivo pelo qual vinha evitando falar com Bivar. Rueda afirmou então a Freitas que, diante da ameaça, procuraria a Polícia Federal no dia seguinte.