RRF

Fazenda estende prazo para governo Zema apresentar plano de recuperação fiscal

Como havia pedido na última segunda (15), Palácio Tiradentes agora terá até 31 de maio para detalhar contrapartidas para aderir ao RRF

Por Gabriel Ferreira Borges
Publicado em 18 de maio de 2023 | 14:38

O Ministério da Fazenda aceitou a solicitação do governo Romeu Zema (Novo) para prorrogar até 31 de maio a data-limite para a entrega do Plano de Recuperação Fiscal (PRF). A informação foi confirmada a O TEMPO nesta quinta-feira (18). A apresentação do PRF é o último o do Estado de Minas Gerais, cuja dívida já chega a R$ 160 bilhões, para aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) da União.  

A Secretaria de Estado de Fazenda havia solicitado a prorrogação à Secretaria do Tesouro Nacional na última segunda-feira (15), quando o prazo venceria. De acordo com o governo de Minas, o pedido foi “devido à necessidade de formalizar ajustes de ordem técnica na proposta”. “O documento será protocolado nos próximos dias para análise e homologação por parte do Ministério da Economia”, afirmou, em nota, na terça (16).

A Fazenda já havia estendido o prazo para apresentação do PRF em setembro e dezembro de 2022 a pedido do próprio Palácio Tiradentes. Questionado, o ministério explicou que não há um limite para o número de vezes que o Estado pode pleitear a prorrogação. “Porém, o Estado possui apenas 12 meses de suspensão da dívida para homologar seu PRF”, ponderou a Fazenda. Este prazo se esgota no próximo mês de julho. 

Quando o Tesouro habilitou a candidatura de Minas ao RRF, o secretário de Estado de Fazenda, Gustavo Barbosa, projetou que o governo evitaria um ônus de R$ 13 bilhões durante o período de carência de dívidas istradas até a apresentação do PRF. Entretanto, de acordo com o Ministério da Fazenda, após a suspensão, o Estado “volta a custear a integralidade do serviço de sua dívida, assim como deve quitar em 24 meses os valores que deixou de pagar, corrigidos com encargos”.

O PRF é um documento de referência, isto é, contém metas e compromissos, e, ainda, as medidas de ajuste a serem adotadas pelo Estado. O governo de Minas deve detalhar, por exemplo, quais empresas públicas ou sociedades de economia mista deseja privatizar ou alienar, quais incentivos que geram renúncias fiscais vai reduzir e quais regimes jurídicos de servidores estaduais vai revisar para reduzir benefícios ou vantagens não previstos no regime jurídico único dos servidores federais.

Após o PRF de Minas Gerais ser apresentado ao Tesouro, será ainda encaminhado à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e ao Conselho de Supervisão do Regime de Recuperação Fiscal (CSRRF) para parecer. O CSRRF, que ainda será constituído, será formado por um representante do Estado, um da Fazenda e outro do Tribunal de Contas da União. Apenas depois da análise da PGFN e do CSRRF, o plano estará sujeito à homologação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O governo de Minas ainda destacou que, paralelamente aos trâmites junto à Fazenda, aguarda a votação da adesão ao RRF “o quanto antes” na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). “A aprovação pela ALMG dá segurança jurídica ao processo, já que a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal tem caráter liminar”, aponta. A decisão a que se refere o Palácio Tiradentes é a do ministro Kássio Nunes Marques, que autorizou a adesão do Estado ao RRF por considerar a ALMG “omissa” ao não votar a proposta.

Em meio ao cabo de guerra com Zema, o então presidente da ALMG, Agostinho Patrus, deixou a proposta de adesão do Estado ao RRF em banho-maria na Casa. Hoje, o texto, que sequer saiu da Comissão de Constituição e Justiça na última legislatura, está arquivado por força do regimento. Para que volte a tramitar, Zema terá que encaminhar à Casa um requerimento para que a matéria seja desarquivada. 

Em entrevista à FM O TEMPO na última terça, o presidente da ALMG, Tadeu Martins Leite (MDB), o Tadeuzinho, afirmou que, neste momento, não há discussão na Casa sobre a adesão do Estado ao RRF. “Acho que agora a posição da ALMG é aguardar o desfecho dos próximos dias ou das próximas semanas sobre este assunto. É difícil opinar se é fácil ou difícil (aprovar a adesão ao RRF) sem o início da tramitação na ALMG”, apontou o deputado.