BRASÍLIA – Engenheiros do Exército atuam por todo o Rio Grande do Sul, em trabalhos para desobstrução de estradas, reconstrução de pontes e agens para pedestres. O Estado completou duas semanas de catástrofe climática, sem previsão de melhora do cenário, por causa das chuvas incessantes.

O Rio Grande do Sul tem 102 trechos de rodovias federais e estaduais com bloqueios total ou parcial por causa das enchentes, que começaram há duas semanas. Grande parte das interdições é nas estradas que am pela Serra Gaúcha.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), dos pontos interditados, 56 estão em rodovias federais. Na via que liga Nova Petrópolis a Caxias do Sul, uma ponte cedeu após o nível de água do rio aumentar. 

Com a tendência do rio Guaíba subir, podendo chegar à marca de 5,5 metros, e de outros rios do estado, a PRF irá avaliar a segurança de trechos que haviam sido liberados, ou seja, se terão de ser fechados novamente. 

Confira algumas das ações da engenharia do Exército no RS para liberar estradas e vias nas cidades:

  • Em Sinimbú, o 6° Batalhão de Engenharia de Combate desobstruiu vias, transportando entulho, preparando margens para lançamento de adeira e transporte de material e pedras trazidos pelas fortes chuvas e enchente dos rios Pardinho e Pequeno.
  • Em Agudo, o 12º Batalhão de Engenharia de Combate Blindado liberou vias e removeu entulho, o que viabilizou a retomada da circulação de veículos e pedestres, contribuindo para o restabelecimento da integração da cidade.
  • Em Guaíba, os militares da 3ª Companhia de Engenharia Mecanizada utilizam maquinário para apoiar a prefeitura na remoção de entulhos das vias públicas.
  • Em Estrela, vários equipamentos de engenharia estão sendo empregados pelo 1º Batalhão Ferroviário no desbloqueio de vias, na retirada de entulhos e na coleta, transporte e distribuição de donativos e manutenção de pontes e estradas.

Por meio da Operação Taquari 2, o Exército Brasileiro atua desde 30 de abril no apoio à população gaúcha que sofre com as chuvas torrenciais. Entre as principais ações dos militares estão resgate e transporte de desalojados e de ribeirinhos.

Até esta terça-feira (14), mais de 69 mil pessoas e 10 mil animais haviam sido resgatados por via aérea, fluvial e terrestre. São mais de 31 mil militares, policiais e agentes trabalhando na Operação Taquari 2. Centenas de toneladas de refeições, mantimentos e medicamentos já foram distribuídos, além de milhares de litros de água potável.

Dilma anuncia R$ 5,75 bilhões do Brics+ para reconstrução do RS

O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, ou Banco do Brics+) vai destinar R$ 5,75 bilhões para reconstrução do Rio Grande do Sul, que vive uma catástrofe climática há duas semanas, com enchentes e deslizamentos de encostas. O anúncio foi feito nesta terça-feira pela ex-presidente Dilma Rousseff, hoje presidente da entidade, por meio de uma rede social.

“Quero dizer aos gaúchos que podem contar comigo e com o NDB neste momento difícil”, ressaltou Dilma no X (antigo Twitter). Ela ainda disse ter conversado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), para acertar o ree de US$ 1,115 bilhão (R$ 5,75 bilhões) para obras de infraestrutura urbana, saneamento básico e proteção ambiental e de prevenção de desastres no Estado.

“Conversei com o presidente Lula e com o governador Eduardo Leite para tratarmos desta situação dramática e definir como prestar ajuda financeira”, escreveu a ex-presidenta do Brasil. “Quero reiterar minha solidariedade aos gaúchos e aos governos federal e estadual. O Banco dos BRICS tem compromisso e atuará na reconstrução e na recuperação da infraestrutura do Estado. Queremos ajudar as pessoas a reconstruir suas vidas”, completou.

Dilma garante agilidade com liberação direta do dinheiro

Dilma que está em Xangai, na China, sede do NDB, garantiu que a instituição vai destinar recursos sem burocracias para o Rio Grande do Sul por ação direta e ainda por meio de parceria com outras instituições financeiras brasileiras, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Brasil e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).

Do total, pouco menos da metade dos recursos, cerca de US$ 500 milhões serão transferidos por meio do BNDES, sendo US$ 250 milhões para pequenas e médias empresas e outros US$ 250 milhões para obras de proteção ambiental, infraestrutura, água e tratamento de esgoto, e prevenção de desastres. O NDB tem US$ 200 milhões disponíveis para aplicação direta, podendo contemplar obras de infraestrutura, vias urbanas, pontes e estradas.

Em parceria com o Banco do Brasil, o NDB vai destinar US$ 100 milhões para infraestrutura agrícola, em projetos de armazenagem e infraestrutura logística. Já com o BRDE, serão liberados imediatamente US$ 20 milhões para projetos de desenvolvimento e mobilidade urbana e recursos hídricos. Outros US$ 295 milhões previstos no contrato BRDE, em processo de aprovação final, vão para obras de desenvolvimento urbano e rural, saneamento básico e infraestrutura social.

O Banco dos Brics+ foi fundado em 2015 pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e hoje conta ainda com Egito, Bangladesh e Emirados Árabes Unidos. Com isso, o grupo ou a ser chamado Brics+, e não Brics. O banco do grupo reúne capital de seus integrantes para investir em projetos de infraestrutura e integração nos próprios países-membros ou em nações parceiras.

Governo federal suspende cobrança da dívida do RS

Na segunda-feira (13), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a suspensão do pagamento da dívida do Rio Grande do Sul com a União por três anos. Além disso, os juros que corrigem a dívida anualmente, em torno de 4%, serão perdoados pelo mesmo período. 

O estoque da dívida do estado com a União está em cerca de R$ 100 bilhões atualmente e, com a suspensão das parcelas, o estado disporá de R$ 11 bilhões a serem usados em ações de reconstrução. O Rio Grande do Sul é um dos estados que participa de um regime de recuperação fiscal com a União, assinado em 2022.

Segundo Haddad, a suspensão da dívida e renúncia dos juros está prevista em proposta de lei complementar que será enviada ao Congresso Nacional, que precisa aprovar o texto. O projeto de lei prevê que os recursos que o Rio Grande do Sul deveria pagar à União sejam depositados em um 'fundo contábil' com aplicação exclusiva em ações de reconstrução da infraestrutura do estado.

Previsão de cheia histórica, deslizamento e geadas

A tragédia climática no Rio Grande do Sul completou, nesta segunda-feira, duas semanas, com 147 mortos, 125 desaparecidos e 806 feridos. A quantidade de pessoas fora de suas casas aumentou para mais de 618 mil, sendo que 81 mil estão em abrigos e 538 mil estão desalojados (em casa de amigos e parentes).

Voltou a chover em Porto Alegre no domingo e em outras partes do estado, como no Vale do Taquari, umas das regiões mais afetadas pelos temporais da semana ada. Foram emitidos alertas de deslizamento para várias cidades. Há ainda previsão de frio intenso nesta semana, com possibilidade de geada.

No início da tarde de segunda-feira, o lago Guaíba voltou a ultraar os 5 metros em Porto Alegre, depois de uma semana baixando lentamente. A capital gaúcha, inclusive, pode registrar uma nova cheia histórica.

O Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) estima que o lago Guaíba deve atingir seu nível máximo entre a tarde e a noite desta terça-feira (14), e que o lago deve alcançar entre 5,3 e 5,5 metros – ultraando o pico de 5,3m do último dia 5.