BRASÍLIA – O ministro das Cidades, Jader Filho, disse nesta sexta-feira (17) que devem ser entregues em junho as primeiras casas para famílias afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
“Nós queremos fazer um levantamento em cima do Minha Casa Minha Vida. Prioridade para famílias com idosos, crianças. Vamos fazer o processo de hierarquização. Temos 600 residências para pronta entrega até o mês de junho, aí vamos colocar as primeiras famílias nos imóveis. Temos 600 que se enquadram no Minha Casa Minha Vida”, disse o ministro em entrevista à Rádio Gaúcha.
Jader Filho garantiu o atendimento a todos os desabrigados em função da catástrofe climática no Estado, que começou com as fortes enchentes do fim de abril e que ainda ainda não cessaram, devido à falta de trégua nas chuvas. Ele disse contar com 14 mil unidades que já estavam em construção e imóveis que estão em leilão na Caixa e no Banco do Brasil.
“Temos diversas frentes. Estamos fazendo um levantamento sobre as unidades habitacionais que já estão sendo construídas. Até 2026 serão 14 mil unidades que já estão sendo construídas. Fora isso vamos pegar as unidades que estão em leilão na Caixa e no Banco do Brasil. São 1,5 mil nesses moldes”, elencou.
O ministro disse ainda que o governo federal vai conversar também com bancos privados para financiar outros imóveis.
“Vamos ter também compra direta, para que possamos também dar direito às famílias. Tem um teto sendo discutido no governo federal. No Minha Casa Minha Vida o limite é de R$ 170 mil. Também vamos fazer um chamamento público para quem quer vender suas residências”, explicou.
Jader Filho ponderou que, antes de definir onde as casas serão construídas, vai ouvir os prefeitos das cidades afetadas para saber as necessidades de cada município.
“Daqui a pouco vou conversar com os prefeitos para entender esse levantamento. O teto só poderei saber as unidades que os prefeitos irão precisar. Não existe cálculo preliminar. Não é uma promessa. É um levantamento que precisa ser feito. As águas precisam baixar para estimarmos os custos. Não faltará dinheiro para essa demanda”, disse o ministro na manhã desta sexta-feira.
“Nós vamos fazer um diálogo com os prefeitos e com o ministro Pimenta (ministro de apoio à reconstrução do RS). Na sexta-feira ada, abrimos um link para que as prefeituras incluíssem suas necessidades. Precisamos avançar. Teremos de encontrar diversos remédios. Vamos trabalhar no sentido de encontrar o quanto antes as soluções. Cada pessoa que perdeu sua casa vai ser sua casa de volta”, completou Jader Filho.
Governo do RS fala em cidades provisórias para desabrigados
O governo do RS pretende erguer quatro cidades provisórias para acolher vítimas das enchentes. A informação foi dada nesta quinta-feira (16) pelo vice-governador do Estado, Gabriel Souza (MDB), em entrevista à Rádio Gaúcha.
Segundo ele, os locais estudados para abrigar as pessoas estão em Porto Alegre, Guaíba, Canoas e São Leopoldo. Nessas cidades, que são as que reúnem o maior número de desabrigados no Estado, seriam construídas estruturas provisórias.
“Teremos espaço para crianças e pets. Lavanderia coletiva. Cozinha comunitária. Dormitórios e banheiros. Isso nesse período em que as pessoas ainda necessitarão desse apoio”, garantiu o vice-governador.
Souza também falou sobre prazos. “Na semana que vem, vamos iniciar a contratação. Até amanhã [sexta, 17] vamos ter o descritivo das estruturas temporárias necessárias. É mais rápido contratar um serviço de montagem dessas estruturas. É como se fosse uma estrutura de eventos com qualificação para albergar pessoas”, explicou.
Já o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo que das tantas questões urgentes e graves com as quais precisa lidar em meio à tragédia, a mais difícil e prioritária é a definição de como irão morar os cerca de 15 mil desabrigados na cidade.
“Não tem imóveis disponíveis neste momento”, afirmou Melo. Ele calcula que o total de pessoas que necessitam de um novo lar na capital — cidade com o maior número de residências atingidas pela cheia — deve chegar a 30 mil e afirma que pediu ao governo federal que comande um plano de habitação para tanta gente.
Ao menos 303 mil edificações residenciais foram alagadas no Estado
A inundação histórica alagou ao menos 303 mil edificações residenciais e 801 estabelecimentos de saúde em 123 cidades, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Universidade Federal do RS (UFRGS).
Além disso, ficaram submersos total ou parcialmente 682 unidades de ensino, 1.347 templos religiosos, 2.601 propriedades agropecuárias e outros 48 mil edifícios usados para outras finalidades, como lojas, bancos e prédios públicos ou comerciais. Os dados se referem às áreas alagadas até a segunda-feira (6).
De acordo com o mais recente balanço, divulgado pela Defesa Civil às 9h desta sexta-feira (17), subiu para 154 o número de mortes em razão da enchente que atinge o Rio Grande do Sul. Há 98 desaparecidos. Confira os dados completos:
- Mortos: 154
- Feridos: 806
- Desaparecidos: 98
- Pessoas afetadas: 2.281.830
- Desalojados: 540.192
- Pessoas em abrigos: 78.165
- Pessoas resgatadas: 82.666
- Animais resgatados: 12.108
- Municípios afetados: 461