BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) afirmou nesta quinta-feira (27) que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi “achincalhado” e “tomou muita porrada” ao propor a medida provisória do PIS/Cofins como forma de compensar as perdas de arrecadação com a manutenção da desoneração da folha de pagamento das empresas e pequenos municípios.
O petista voltou a cobrar que agora é tarefa do Senado e dos 17 setores produtivos apresentarem uma contrapartida de arrecadação de receitas, uma vez que a chamada MP da Compensação foi rejeitada.
"O Haddad sabe que ele sofre. Ele sofre injustiça, porque todas as pessoas que vêm, só vêm para pedir, não vêm para oferecer. Eu vou dar um exemplo para vocês de uma coisa que esse moço sofreu, e eu sei que ele sofreu: a questão da desoneração dos 17 setores no Congresso Nacional", afirmou o petista.
“O Haddad pensou numa alternativa. O Haddad tomou tanta porrada. Nunca pensei que um moço tão bondoso fosse tão achincalhado, e ele foi. Foi porque ele fez uma coisa que não era dele. Então eu disse: ‘fica nervoso não, Haddad. Porque a responsabilidade de apresentar a compensação é dos empresários e do Senado. Se não apresentar, fica mantido o veto’. É simples assim”.
O pronunciamento de Lula ocorreu durante reunião plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), popularmente conhecido como “Conselhão”. O grupo, composto por agentes econômicos, atores sociais e ministros de Estado, tem o papel de analisar e propor políticas públicas ao Palácio do Planalto
O presidente Lula disse que “não é contra a desoneração”, mas voltou a cobrar a contrapartida dos empresários e industriais sobre geração e manutenção dos empregos.
A MP do PIS/Cofins anunciada no início do mês tinha como objetivo criar um aumento de arrecadação como forma de compensar os cofres da União, por causa das perdas de receita com o recolhimento dos impostos da desoneração da folha de pagamento de 17 setores.
Essa não é a primeira vez que Lula critica a devolução da MP da Compensação pelo Senado federal e sai em defesa de Haddad por causa da derrota política. Há duas semanas, o petista elogiou o chefe da equipe econômica ao chamá-lo de “extraordinário” e frisar que “a bola da vez” não está mais nas mãos do governo federal.
Lula afirmou ainda que "reza e roga” para que a inflação caia, mas que é preciso pensar em políticas públicas e investimentos para os mais “pobres” porque eles “sofrem” por serem mais vulneráveis
Ainda durante o evento, o presidente Lula chamou de “cretinos” quem atribuiu a alta do dólar nos últimos dias por falas dele em entrevistas. "Quando eu terminei a entrevista, a manchete de alguns comentaristas era de que ‘o dólar subiu pela entrevista do Lula’. E os cretinos não perceberam que o dólar tinha subido 15 minutos antes de eu dar a entrevista. Quinze minutos antes", destacou.