BRASÍLIA - O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, voltou defender o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quinta-feira (27), ao minimizar as pressões do mercado sobre as políticas econômicas e fiscais do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).  

“Estamos distantes de um descontrole fiscal, mas nenhum país está imune a isso”, afirmou durante abertura da reunião plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS). Popularmente conhecido como “Conselhão”, o grupo aconselha o governo federal sobre análise e criação de políticas. 

Isaac Sidney listou o compromisso de Haddad com o arcabouço fiscal e da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, “com mais racionalização dos gastos [...] sem abrir mão dos programas sociais”. 

“Não podemos baixar a guarda e confio que o governo está atento a isso. Todos sabemos que, se houvesse um maior descontrole das contas públicas, isso traria uma grande pressão inflacionária, o que ameaçaria o próprio cumprimento das metas”, declarou. 

O encontro ocorre no Palácio do Itamaraty, em Brasília, com a presença do presidente Lula, Haddad e outros ministros de Estado. O “Conselhão” tem o papel de auxiliar na criação e análise de políticas públicas. Criado no primeiro governo Lula (2003-2007), o colegiado havia sido extinto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e foi recriado, com novos integrantes, em 2023. O grupo é formado por agentes econômicos, como bancários e industriais, além de lideranças de movimentos sociais e dos direitos humanos. 

O governo Lula é pressionado sobre a capacidade da atual gestão em cumprir as metas fiscais, bem como controlar os gastos e despesas da União, para que as contas públicas não saiam do controle.  

A equipe econômica liderada por Fernando Haddad tem endereçado várias medidas de cunho arrecadatório, ao mesmo tempo que enfrenta uma cruzada no Congresso Nacional que tem aprovado projetos de redução de subsídios fiscais para grandes setores da economia.   

O presidente da Febraban elogiou o decreto do governo que mudou a meta contínua da inflação. “Merece elogio o decreto do presidente Lula que estabeleceu a meta contínua, com a confirmação da meta de 3%, o que é um sinal claro do compromisso com o controle da inflação, na medida em que continuaremos a ter um regime de metas previamente definido, dando segurança e previsibilidade na condução da política monetária”. 

Em seguida, Isaac Sidney disse que o ministro da Fazenda “está na direção correta” e cobrou um esforço conjunto entre os demais poderes das República e da iniciativa privada para combater o que classificou como “pecados originais” e “pecados capitais” do Brasil.  

“Baixo crescimento, juro alto, carga tributária elevada, inclusive a cunha fiscal sobre o crédito, estado inchado com gastos ineficientes, além de outros vícios que foram se enraizando e crescendo de forma desarrazoada, como as desonerações que se arrastam no tempo e já alcançaram a inaceitável marca de 6% do PIB”, criticou 

Em seguida, subiu o tom. “Tudo isso mostra uma doença crônica do país, presidente, ministros e amigos do Conselho; mostra sintomas sérios de desajustes que o seu governo já diagnosticou, o que nos estimula a encontrar soluções efetivas e duradouras. Agora, essa é uma tarefa de todos, sem exceção, e só virá de uma ação articulada do Executivo, do Congresso Nacional e do Judiciário”, concluiu.