BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reclamou da alta do dólar nesta terça-feira (2) e afirmou que “há um jogo de interesse especulativo contra o real”. Na última segunda-feira (1º), o dólar fechou em R$5,65, sendo o maior patamar em dois anos.
“É um absurdo. Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. Há uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real nesse país. Eu tenho conversado com as pessoas o que a gente vai fazer. Estou voltando quarta-feira (para Brasília), e vou ter uma reunião. Não é normal o que está acontecendo”, declarou.
A declaração do petista foi dada durante entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador. O presidente da República está na Bahia desde segunda-feira (1) e faz um giro pelo Nordeste nesta semana.
Nas últimas semanas, o dólar tem acumulado uma série de ganhos ante o real. A explicação de analistas é que os investidores seguem preocupados com o rumo das contas públicas brasileiras e com as críticas acirradas de Lula à condução da política monetária pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
Questionado se o Palácio do Planalto adotará alguma medida para conter a depreciação da moeda brasileira ante o dólar, Lula afirmou que é necessário tomar alguma atitude, mas não quis adiantar. “Temos que fazer alguma coisa, mas não posso falar porque estaria alertando meus adversários”, pontuou.
O presidente da República e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, terão reunião na quarta-feira (3) para discutir medidas sobre o assunto. Ambos também não fizeram nenhuma referência aos 30 anos da implementação do Plano Real, comemorados na segunda-feira (1º).
Na entrevista à rádio de Salvador, Lula voltou a criticar o mercado ao citar que, na semana ada, durante entrevista ao portal Uol, houve alta do dólar. “O mundo não pode ser vítima de mentiras. A gente não pode inventar as críticas”, afirmou.
“Semana ada dei entrevista no Uol. Depois da entrevista, alguns especialistas falaram que o dólar subiu ‘por conta da entrevista do Lula’. Fomos descobrir que o dólar tinha subido 15 minutos antes da minha entrevista”, frisou.
Assim como tem feito recorrentemente em entrevistas, o presidente da República criticou Campos Neto. “O que não dá é você ter alguém dirigindo o Banco Central com viés político. Definitivamente eu acho que ele tem um viés político. Mas, veja, eu não posso fazer nada. Ele é presidente do BC, tem mandato, foi eleito pelo Senado, tenho que esperar acabar o mandato e indicar alguém”, declarou.
Roberto Campos Neto negou na semana ada que atua com viés político e ressaltou que não tem interesse em ocupar cargo público quando deixar o Banco Central, 31 em dezembro. Ele disse ainda que as declarações do petista atrapalham o controle da inflação no Brasil.
O BC responde é autoridade da política monetária no país e, entre as atribuições, é responsável por estabelecer o valor da taxa Selic. Atualmente, a inflação oficial está em 10,5%, valor esse que é considerado alto por Lula e governistas. O atual patamar, segundo avaliam, trava investimentos e crescimento no país.
Haddad atribui alta do dólar a ruídos
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atribuiu a alta da moeda norte-americana “a muitos ruídos”. O chefe da equipe econômica do governo Lula foi questionado sobre o assunto ainda na segunda-feira (1). Ele voltou a repetir que é preciso comunicar “melhor os resultados econômicos” que o Brasil está alcançando.
“Por exemplo, tive hoje [segunda-feira] mais uma confirmação sobre atividade econômica e arrecadação de junho. Fechou hoje, mês de junho ficou acima do previsto pela Receita Federal. Ou seja, nós estamos no sexto mês de boas notícias na atividade econômica e na arrecadação.