BRASÍLIA - Sem citar nomes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reclamou nesta sexta-feira (26) sobre a ausência de governadores que não participam dos eventos do governo federal em que o petista está presente. Lula atribui as faltas dos gestores à proximidade deles com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Alguns não têm comparecido. Possivelmente ainda pela imagem negativista de um presidente da República que só viajava para o Estado que ele gostava. Só viajava para atender amigos e não dava importância para aqueles que pensassem diferente dele. É uma coisa absurda”, afirmou o petista. 

Lula disse ainda que toda vez que vai a um Estado, ele convida o governador daquele local, independentemente do partido. “Eu, todas às vezes que eu viajo para o Estado, eu convoco o governador, convoca o governador porque eu quero que ele vá, eu quero que ele fale, eu quero que ele diga o que ele tiver que dizer para o povo lá”, declarou o petista. 

A declaração ocorreu no Palácio do Planalto durante anúncio de R$ 41,7 bilhões de investimentos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas áreas de transporte, prevenção a desastres, esgotamento, abastecimento de água e infraestrutura social nas cidades. 

Segundo o governo federal, foram aprovados nesta etapa 899 empreendimentos em 27 estados e 710 municípios. Segundo a assessoria de comunicação da Presidência da República, todos os governadores foram convidados para o evento nesta sexta-feira. 

Ainda assim, só compareceram à solenidade no Palácio do Planalto os seguintes governadores: Jerônimo Rodrigues (PT-BA); Raquel Lyra (PSDB-PE); Elmano de Freitas (PT-CE); João Azevêdo (PSB-PB); Renato Casagrande (PSB-ES); Rafael Fonteles (PT); Fábio Mitidieri (PSD-SE); Wilson Lima (União-AM). Além dos vice-governadores dos estados do Pará, São Paulo e Mato Grosso do Sul, respectivamente, Hana Ghassan, Felício Ramuth e José Carlos Barbosa. 

Durante a solenidade, o petista agradeceu a presença dos prefeitos e repetiu, algumas vezes, que não poderia citar o nome deles, para não incorrer em crime eleitoral. 

A crítica de Lula aos governadores ausentes acontece no momento das eleições municipais. O petista já realizou uma série de compromissos oficiais no Estado de São Paulo nos últimos meses, e chegou a se queixar sobre a falta do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos)

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), também não esteve em alguns eventos oficiais do petista no estado fluminense. Na corrida eleitoral deste ano, Lula, Castro e Tarcísio apoiam candidatos diferentes para a prefeitura do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Em relação a Tarcísio, pesa também outro fator. O petista já reconheceu que o governador de São Paulo é um dos quatro nomes do bolsonarismo para concorrer à Presidência da República em 2026. Soma-se ao grupo, segundo avalia Lula, os governadores Romeu Zema (NOVO-MG), Ronaldo Caiado (União-GO) e Ratinho Júnior (PSD-PR).

Por outro lado, Lula desistiu de viajar a Santa Catarina no início deste mês após o presidente da Argentina, Javier Milei, confirmar que participaria de evento conservador no Estado com Bolsonaro. O petista, até o momento, não viajou para Santa Catarina. 

Critério imbecil 

Durante o evento, Lula voltou a repetir, como sempre faz em eventos do Novo PAC, que o governo federal não leva em conta quem é aliado e quem é da mesma agremiação política para aprovar os empreendimentos. 

Diante disso, criticou obras que não saíram do papel em anos anteriores. Ele atribuiu esses atrasos ao fato de muitos gestores quererem deixar uma marca própria, quando muda de gestão. “Porque cada prefeito, cada governador e cada presidente da República quer ter a sua marca. ‘Ah, eu prefiro ter uma marca. Se o Lula fazia assim, eu não posso fazer assim. Se o Lula gosta de vermelho, eu tenho que gostar de amarelo”, declarou. 

Em seguida, criticou, mais uma vez sem citar o nome de Jair Bolsonaro, o programa Casa Verde Amarela, que era uma versão do Minha Casa Minha Vida na gestão anterior. E listou o que chamou de “critério imbecil”. “‘Se o Lula fez o Minha Casa, Minha Vida, eu vou fazer minha Casa Amarela. Se a carteira de trabalho é azul ou marrom, eu vou fazer uma verde e uma amarela’. Ou seja, é um critério imbecil de tomar decisão e de fazer as coisas num país que precisa tanto do Estado”, completou. 

Novo PAC e Orçamento

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, que coordena o Novo PAC, disse  no evento que em agosto o governo chegará a 30% de execução do programa. A partir do próximo mês, quando marca um ano de lançamento do Novo PAC, o governo federal fará uma caravana pelo país para acompanhar o andamento das obras e anunciar a população quando elas serão lançadas.

O anúncio dos investimentos do Nova PAC ocorreu na véspera do dia 30 de julho, quando o governo federal vai detalhar o congelamento de R$15 bilhões do Orçamento deste ano. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, já adiantou na semana ada que as obras do Novo PAC já foram iniciadas e não sofrerão com bloqueio e contingenciamento.