BRASÍLIA - O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou neste sábado (7) que existe "disposição" do Executivo e do Legislativo para avançar em uma "agenda estrutural" que possa sinalizar "sustentabilidade" do ponto de vista da dívida e das contas públicas.

"A boa notícia que todos nós temos é essa disposição existe do Executivo e do Legislativo, junto do setor privado que também está na mesa discutindo, de avançar com uma agenda estrutural que possa sinalizar uma sustentabilidade do ponto de vista da dívida e das contas públicas", disse Galípolo, durante discurso no Fórum Esfera, no Guarujá (SP). 

"Isto, neste momento, é especialmente relevante o Brasil conseguir ar um sinal nesse sentido e ter a coragem de - como bem disse o presidente Hugo Motta, que encontrou também no presidente Lula, no presidente Davi e em toda a equipe econômica - uma disposição de sentar na mesa e conseguir apresentar esse tipo de sinalização", continuou. 

Mais cedo, no mesmo evento, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou que “não há justiça social com irresponsabilidade fiscal, não há crescimento com improviso e não há futuro possível para um país que insiste em empurrar a conta adiante esperando que ela se resolva com mágica ou discurso”.  

“Há um sentimento na Câmara e no Senado de que a hora de um debate mais estruturante chegou, e que pautas que nós vínhamos adiando, empurrando meio que a sujeira para debaixo do tapete, [isso] não é mais possível. Esse não é um problema deste governo ou do governo ado, é um problema que vem se acumulando ao longo dos governos e que agora nós temos a obrigação de encarar”, afirmou no evento. 

Com ime sobre o aumento no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), Motta e os líderes da Câmara se reúnem neste domingo (8), com a equipe econômica do governo para discutir um pacote alternativo, que deve incluir uma "agenda estruturante".

Durante sua fala, o presidente do Banco Central apontou que, se o Brasil der um sinal de sustentabilidade fiscal, em um mundo onde a dívida aumentou em quase todos os países, vai se diferenciar na busca por novos investimentos.

"Se o Brasil hoje consegue dar uma sinalização de uma sustentabilidade na curva mais positiva para o mercado, eu acho que no ambiente que nós temos atual, o Brasil se diferencia muito positivamente do ponto de vista de atração de investimentos, com todas as vantagens competitivas que nós temos", analisou.

'Temos que aproveitar momento para conseguir reformas'

Questionado sobre a reação do mercado às políticas monetária e fiscal, tanto do ponto de vista da taxa básica de juros (Selic), como da elevação das alíquotas do IOF, Galípolo destacou a autonomia do Banco Central e lembrou que a autoridade monetária só se posiciona via comunicação oficial. 

"Autonomia é não deixar o Banco Central ser invadido mas também não extrapolar o que é o seu mandato", afirmou.

"O Banco Central e a autoridade monetária só comunica e só a mensagem através da sua comunicação oficial, seja ata, seja minuta, seja o comunicado, seja através das falas dos seus diretores. A nossa comunicação tem repetido várias vezes, as duas palavras chaves são flexibilidade e cautela".  

Além disso, Galípolo reforçou a importância das negociações para conseguir as reformas necessárias.

"O Banco Central reage à política fiscal a partir do que aquilo afeta a inflação corrente e as projeções de inflação. Confesso que nas interlocuções que tive com o presidente Lula, sempre senti uma boa vontade de sentar à mesa e debater sobre esse tema, como acho que o presidente Hugo e o presidente Davi estão fazendo agora também, assim como o ministro Fernando Haddad".  

"Esse momento a gente tem que aproveitar esse momento que não é unanimidade, é consenso, mas é consenso para conseguir produzir as reformas necessárias", acrescentou.