BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi recebido, nesta segunda-feira (9), na sede da Interpol, em Lyon, na França. Esta é a primeira vez que um chefe de Estado do país visita a sede da organização, que desde novembro é presidida pelo brasileiro Valdecy Urquiza. A visita já estava agendada.

Na cerimônia, Lula assinou uma declaração de intenções entre o Brasil e a Interpol. Segundo o governo brasileiro, as iniciativas visam reforçar a cooperação para o combate ao crime organizado; desarticular organizações criminosas transnacionais e suas redes de apoio; modernizar os órgãos de segurança pública no Brasil e na América Latina; e proteger grupos vulneráveis e os direitos humanos na atuação policial.

Em discurso, Lula disse que hoje, o crime organizado possui muitos “tentáculos tentando tomar conta de tudo o que é errado no mundo".

“O crime organizado você não enfrenta uma simples quadrilha. São verdadeiras empresas multinacionais que estão envolvidas dentro das empresas, estão envolvidas na política, estão envolvidas no judiciário, estão envolvidas no futebol, estão envolvidas em toda parte da cultura”, disse.

Após o evento, o presidente disse que a vitória de um brasileiro nas últimas eleições internas da Interpol mostra a “credibilidade da Polícia Federal brasileira” e do “trabalho sério que a gente tenta fazer para combater o crime organizado”. Lula chegou a ser questionado sobre uma possível extradição da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), mas não respondeu.

Na última quinta-feira (5), Zambelli teve o nome incluído na lista de foragidos internacionais da Interpol, pouco depois de ela ter desembarcado na Itália, por possuir cidadania italiana. O governo brasileiro deve pedir a extradição da parlamentar, seguindo determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Moraes decretou a prisão preventiva de Zambelli na quarta-feira (4), atendendo pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), após a deputada anunciar, terça (3), que havia deixado o Brasil.

Zambelli foi condenada pelo STF a 10 anos de prisão por invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2023. O hacker Walter Delgatti Neto recebeu uma pena de 8 anos e 3 meses de reclusão.