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Ibaneis diz que seu afastamento foi 'necessário' e minimiza culpa de Torres
O governador do DF fez questão de elogiar o novo secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, que substituiu Anderson Torres, preso há dois meses

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse nesta quinta-feira (16), em seu primeiro pronunciamento público após o retorno ao cargo, que seu afastamento foi “necessário”.
“Tenho respeito por todas as autoridades, por tudo que aconteceu. Recebi afastamento pelas mãos do ministro Moraes com respeito, paciência, resiliência, sabendo do carinho que a população tem por mim. Mas eu sabia, também, da importância de tudo o que aconteceu. Estou consciente de que precisamos virar a página de nossa cidade, do nosso país e que precisamos viver tempo de paz. É hora de cuidarmos da vida das pessoas”, completou.
Ibaneis voltou ao cargo 66 dias após ser afastado por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sob suspeita de omissão e até cooperação diante do movimento de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que culminaram na invasão e depredação das sedes dos três poderes.
Também foi Alexandre de Moraes que autorizou, na tarde de quarta (15), que Ibaneis retornasse imediatamente ao cargo. Mas o governador continuará sendo investigado em inquéritos do STF por omissão e conivência com os atos.
Ibaneis fez questão de elogiar e abraçar substituto de Anderson Torres
Logo no começo do seu pronunciamento nesta quinta, feito salão principal do Palácio do Buriti, sede do Governo do Distrito Federal, Ibaneis fez questão de elogiar o novo secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, que substituiu Anderson Torres, preso há dois meses e investigado como um dos principais suspeitos de envolvimento nos atos criminosos de 8 de janeiro.
“É com muita alegria que volto ao Palácio do Buriti. É uma alegria ter o Sandro Avelar como secretário de segurança. Ele havia sido convidado por mim para ser o secretário. Veio assumir o cargo em momento de dificuldade e está com maestria na secretaria. Ele vai continuar até o dia que quiser”, afirmou o governador, puxando Avelar para um abraço em frente às câmeras.
Ibaneis havia nomeado Anderson Torres, que acabara de deixar o Ministério da Justiça na gestão de Jair Bolsonaro, mesmo após ser alertado por autoridades das mais diversas instituições do risco de colocar em tal cargo alguém já sob suspeita de omissão e até envolvimento direto nos atos violentos que antecederam a invasão e depredação dos prédios públicos.
Antes de ser ministro da Justiça, quando se tornou um dos mais próximos e fiéis auxiliares do então presidente, Torres foi secretário de Segurança Pública no primeiro mandato de Ibaneis.
Sandro Avelar foi nomeado por Celina Leão, a vice de Ibaneis que assumiu o Governo do Distrito Federal, com aprovação do Palácio do Planalto, sob a istração de Lula.
“Não posso deixar de agradecer a Celina. Ela assumiu o governo em momento de dificuldade, tocou a cidade em todo carinho e toda força. Não é à toa que o nome dela tem ‘Leão'”, disse Ibaneis no pronunciamento desta quinta, após ressaltar que não se comunicou com qualquer integrante do governo durante os 65 dias afastado, conforme determinado pelo STF.
Ibaneis minimiza responsabilidade de Anderson Torres sobre atos de 8 de janeiro
Ainda em sua primeira declaração à imprensa após o retonro ao cargo, Ibaneis procurou minimizar a responsabilidade de Anderson Torres.
"O que aconteceu no dia 8 de foi imprevisível", disse o governador. "Na minha visão, não foi culpa do Anderson. Talvez, se ele tivesse sido alertado antes... Não foi culpa só do Anderson, foi um conjunto. Tivemos falha da Polícia Militar do Distrito Federal, do batalhão do Exercito que defendia o Palácio do Planalto. Tivemos diversas falhas em conjunto e tenho certeza que a investigação vai apurar isso."
Para Moares, retorno de Ibaneis ao cargo não compromete investigação
Na decisão favorável a Ibaneis Rocha, Alexandre de Moraes afirma que não vê risco de comprometimento das investigações com o seu retorno à função:
“O momento atual da investigação – após a realização de diversas diligências e laudos – não mais revela a adequação e a necessidade da manutenção da medida, pois não se vislumbra, atualmente, risco de que o retorno à função pública do investigado Ibaneis Rocha Barros Júnior possa comprometer a presente investigação ou resultar na reiteração das infrações penais investigadas”, afirma no despacho.
Moraes alega ainda que a investigação não traz indícios de que Ibaneis esteja prejudicando o andamento do processo:
“Os Relatórios de Análise da Polícia Judiciária relativos ao investigado não trazem indícios de que estaria buscando obstaculizar ou prejudicar os trabalhos investigativos, ou mesmo destruindo evidências, fato também ressaltado pela defesa e pela Procuradoria-Geral da República".
Após a decisão, Ibaneis reafirmou que é inocente. “Aguardei com muita paciência, resiliência e confiança na justiça do meu país, esse momento de retorno ao cargo que assumi pela vontade do povo do Distrito Federal, que me elegeu em primeiro turno para um segundo mandato. Agora é seguir firme confirmando a minha inocência junto ao STF e trabalhar ainda mais pela cidade que tanto amo”, afirmou.
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