O vice-governador Mateus Simões (Novo) apontou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não pode oferecer ao Estado de Minas Gerais menos do que R$ 60 bilhões pela Codemig. Em provocação ao governo Lula, Simões disse, nesta sexta-feira (22/3), ao Café com Política, da FM O TEMPO 91,7, que o valor é o que a oposição ao governo de Romeu Zema (Novo), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), dá para a estatal. 

Segundo Simões, durante o período em que o governo Zema buscou a autorização da ALMG para privatizar a Codemig, a oposição, que, como lembrou, é da base do governo Lula, insistiu que a Codemig, sozinha, valeria R$ 60 bilhões. “Se a Codemig vale R$ 60 bilhões segundo o próprio PT, não imagino que o governo federal vai me oferecer menos do que o PT diz que ela vale. Não é possível que para criticar o PT fale que a empresa vale R$ 60 bilhões e vão me dar um valor diferente na hora de comprar”, ironizou.

O vice-governador projetou que a federalização apenas da Codemig abateria mais da metade dos cerca de R$ 165 bilhões da dívida do Estado com a União. “A proposta do senador Rodrigo Pacheco ainda diz que, para cada real que ponho, eu ainda recebo R$ 0,50 de desconto. Então, eu receberia (pela Codemig) um desconto adicional de R$ 30 bilhões além dos R$ 60 bilhões, o que me leva a R$ 90 bilhões. (...) Espero que o governo federal, repito aqui, não vá querer tomar a empresa de Minas Gerais”, calculou.

Como já mostrou O TEMPO, especialistas avaliam que o preço de mercado da Codemig poderia variar entre R$ 30 bilhões e R$ 60 bilhões. Em participação recente em uma audiência pública na ALMG, o ex-secretário de Fazenda Gustavo Barbosa apontou que, conforme um estudo da corretora Goldman & Sachs, a Codemig valeria R$ 25 bilhões. As divergências têm sido atribuídas à ausência de empresas que operem nos mesmos moldes da Codemig no mercado.   

Em relação à Cemig e a Copasa, Simões afirmou que as companhias valem o que o mercado diz que valem, já que têm ações listadas na Bolsa de Valores. “Imagino que a nossa participação na Cemig valha alguma coisa próxima a R$ 7 bilhões e a nossa participação na Copasa valha em torno de R$ 4 bilhões, segundo o mercado. A gente tem que discutir qual o prêmio a gente ganha por ter o controle, mas o grosso (do abatimento da dívida), segundo diz o próprio PT, está na Codemig”, reiterou.

Só que, juntas, a Cemig, a Codemig e a Copasa poderiam abater apenas 20% da dívida de Minas sem calcular o ágio de 50% sugerido por Pacheco, ou seja, R$ 34 bilhões dos R$ 165 bilhões. Para economistas, a federalização das estatais não resolveria estruturalmente a dívida do Estado de Minas Gerais, já que ainda restariam pouco mais de R$ 130 bilhões. 

Procurado, o líder da oposição na ALMG, Ulysses Gomes (PT), rebateu, dizendo que, agora que o governo federal está prestes a apresentar uma proposta real para a dívida, Simões ataca uma ideia considerada mais vantajosa do que o Regime de Recuperação Fiscal. "Aliás, é bom lembrar que no dia da reunião com o presidente Lula, Simões estava em Paris, e agora quer imprimir ao governo Zema um protagonismo que nunca existiu e, para isso, ataca sem razão e sem conhecimento de causa”, afirmou Ulysses.

Leia o posicionamento de Ulysses Gomes na íntegra

“Minas precisa de união para resolver o grave problema da dívida, e isso inclui considerar valores reais e justos na discussão sobre a federalização das estatais mineiras. Minas precisa de quem fale menos e faça mais, de verdade. 

O governo Zema ou mais de cinco anos sem pagar uma única parcela da dívida com a União. Enquanto repetia nas propagandas que “Minas estava nos trilhos”, não apresentou qualquer proposta que, de fato, pudesse resolver esse problema crônico. Ao contrário, Zema, que vendia a falsa imagem de “bom gestor”, fez a dívida pública explodir, ando de R$ 114 bilhões para os atuais R$ 170 bilhões. 

Depois de um Regime de Recuperação Fiscal cruel e fracassado, foi preciso a oposição, o presidente de  Assembleia de Minas, Tadeu Martins, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, entrarem em campo para buscar junto ao governo federal uma alternativa que não destrua os serviços públicos e não penalize a população mineira, como pretendia o governo Zema. 

Agora que o governo federal está prestes a apresentar uma proposta real para a dívida, o vice-governador Mateus Simões vem atacar uma ideia que foi considerada bem mais vantajosa que o RRF. Aliás, é bom lembrar que no dia da reunião com o presidente Lula, Simões estava em Paris, e agora quer imprimir ao governo Zema um protagonismo que nunca existiu e, para isso, ataca sem razão e sem conhecimento de causa.”