Um em cada quatro adolescentes com idades entre 10 e 24 anos pode viver com obesidade ou transtornos mentais até 2030, segundo projeção da Comissão Lancet 2025. O relatório será apresentado oficialmente na 78ª Assembleia Mundial da Saúde da OMS, em Genebra.
O documento foi elaborado por 44 especialistas e dez jovens com atuação internacional. Apesar da redução na mortalidade juvenil nas últimas duas décadas, problemas crônicos como depressão, ansiedade e má nutrição seguem aumentando entre os adolescentes.
A comissão projeta que mais de 464 milhões de jovens terão sobrepeso ou obesidade até o fim da década. Este número representa um aumento de 143 milhões em comparação a 2015. O excesso de peso se distribui de forma desigual, concentrando-se mais em países de alta renda, América Latina, Caribe, norte da África e Oriente Médio.
O estudo aponta que quase 1 bilhão de adolescentes estará exposto a condições evitáveis como HIV/Aids, gravidez precoce, insegurança alimentar e violência até 2030.
Os adolescentes representam 24% da população global, totalizando aproximadamente 2 bilhões de pessoas. Apesar disso, este grupo recebe apenas 2,4% dos investimentos internacionais destinados à saúde e ao desenvolvimento.
A longo prazo, o relatório indica que 1,9 bilhão de adolescentes viverão, até 2100, sob os efeitos diretos do aquecimento global, como ondas de calor, insegurança alimentar e escassez de água.
Desigualdades socioeconômicas, mudanças climáticas e investimentos insuficientes são apontados como fatores que contribuem para esta crise na saúde dos jovens.
Peter Azzopardi, do Instituto Murdoch e coautor do estudo, destaca a importância de uma abordagem colaborativa. "Precisamos de parcerias significativas com os jovens. E qualquer progresso deve ser monitorado e cobrado. Com o envelhecimento da população e a queda nas taxas de fertilidade, a saúde dos adolescentes se torna ainda mais crucial", afirmou em comunicado à imprensa.
Outro aspecto positivo mencionado no relatório é a redução do tabagismo, do consumo de álcool e a ampliação do o à educação básica, especialmente para meninas.
Após a apresentação na Assembleia da OMS, o documento deverá orientar políticas públicas e investimentos internacionais voltados à saúde dos adolescentes.