Um dos grandes questionamentos na transformação do Atlético em SAF é o motivo do clube não ter aderido à recuperação judicial (RJ), algo que vários outros clubes-empresas do Brasil fizeram. Gestor atleticano, Rafael Menin deu sua versão da história e explicou os motivos.
Rafael relembrou que os empresários hoje donos do Atlético fizeram um aporte, ainda para a associação, de mais de R$ 300 milhões em 2020 sem cobrar juros. Além disso, pagaram dívidas antigas e fizeram acordos trabalhistas e com vários empresários. Por fim, assumira uma dívida de mais de R$ 700 milhões.
“Além dos 300 e poucos milhões (de reais) que a gente colocou, faltaram 700 milhões. E os 700 milhões vieram de empréstimos bancários. Imagina o seguinte, o Atlético lá em 2021: “ô banco BTG, me arruma 100 milhões de reais” - “Qual que é a garantia?” - “Não, a garantia é o Atlético”. Qual que é a probabilidade desse empréstimo acontecer? Zero. A única probabilidade era a gente, na pessoa física, um documento: Se o Atlético não pagar essa dívida, a família Menin é a responsável por ela. Aí eu pergunto: alguma família brasileira fez isso na história do futebol brasileiro? Não. Nós assumimos o problema”, afirmou Rafael.
Diante desse cenário, Rafael Menin entende que uma recuperação judicial era inviável, pois os bancos iriam cobrar não só o clube, mas também os Menins, que assumira os pagamentos dos empréstimos.
“Aí ok, vamos fazer uma RJ, pegar todos esses bancos que o Atlético deve e não vamos pagar ninguém. Obviamente o banco vai decretar a falência do clube, aí a família teria que honrar com 700 milhões além dos 300 milhões que a gente emprestou sem juros. Acho que não é muito equilibrado, né? Não é uma relação muito justa e nem correta. Se somar aporte e a aval, mais de um bilhão. Então realmente não tinha como fazer a RJ”, afirmou o empresário, que garantiu que não há conflito de interesse na SAF do Galo.
Recado para a torcida
Rafael Menin lamentou que a torcida do Atlético, em sua maioria, entenda que não fazer uma recuperação judicial é algo para ser criticado, pois ele entende que isso é, na verdade, um “calote” aos credores. Por isso, ele afirma que prefere ar aperto para pagar o que deve do que usar de algo que fará outras pessoas não receberem.
"Agora, a RJ era uma coisa bonita? Não. A gente já atrasou um pouquinho a dívida com A, B ou C, mas vamos pagar, como com outros 300 credores do ado, pagamos com todo mundo. Então, a torcida deveria achar mais bacana gestores que honrem um ivo de todo o tamanho, do que achar legal decretar a RJ e pagar só 20% da dívida, dar o cano em 80%. Eu nunca fiz isso nos meus negócios, nem meu pai (Rubens), o Ricardo (Guimarães), nem o Sérgio (Coelho)”, iniciou.
“Além desse problema dos R$ 700 milhões, a gente fala que põe a cabeça no travesseiro à noite um pouco mais tranquilo por não ter dado um bilhão de cano nos outros. Tem gente que acha que é legal, o correto, a gente acha que não é não. A gente assumiu a nossa bronca e assumimos a bronca dos outros. Isso deveria ser motivo de aplauso e não de crítica. E, por algum motivo, é motivo de crítica”, concluiu.
Sem recuperação judicial, a dívida atual do Atlético ultraa R$ 1.4 bilhão, e o clube enfrenta dificuldades de controlar e abater esse problema.