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Garota eu vou pra Califórnia! De 1984 a 2028, o que muda em L.A.

E Los Angeles se prepara para receber, pela terceira vez, os Jogos Olímpicos, seguindo Londres e Paris.

Por Lance
Publicado em 23 de maio de 2025 | 13:39

E Los Angeles se prepara para receber, pela terceira vez, os Jogos Olímpicos, seguindo Londres e Paris. Por que se fala tanto dos Jogos de 1984? O que mudou em 1984? E de lá para cá?


O ano de 1984, de modo geral, já foi impactante por vários motivos: A temida Guerra Fria começava a descongelar. Os dois blocos geopolíticos, antagônicos, começavam a ensaiar uma leve aproximação, protagonizada por Brejnev e Carter. Havia no ar até a possibilidade do bloco socialista não dar o “troco” pelo boicote feito pelo lado capitalista, em 1980, nos Jogos de Moscou. Boicotaram, mas de forma branda. Apenas os soviéticos e mais uma dúzia de países alinhados à Moscou aderiram.

Apesar do boicote socialista, quebrou-se o recorde de países participantes (141). Dentre deles, houve um retorno aos Jogos muito celebrado pelos anfitriões. A China voltava a fazer parte da Comunidade Olímpica.

Mal sabiam os americanos que, em breve tempo, seriam eles, os chineses, os seus maiores adversários, os que acabariam com a hegemonia absoluta dos EUA nos Jogos! Do bloco socialista, apenas Romênia e Iugoslávia quebraram o boicote, atendendo ao apelo de seus atletas. E foram recompensados com performances estupendas de seus agradecidos atletas, tendo, inclusive, a Romênia alcançado a segunda colocação geral no quadro de medalhas!
Para estes Jogos, algumas propostas foram apresentadas, e prontamente aceitas, para otimização e eficiência:

  • Pela primeira vez os Jogos deixariam de ser financiados pelo Estado! Los Angeles propôs uma revolução (palavra muito em voga na época!), propor parceria com a iniciativa privada o pagamento da conta da “grande festa mundial dos esportes” ! Para isto, foi criado um comitê de mais de 60 empresários e representantes da sociedade civil (vulgo, políticos influentes), e elegeram Peter Ueberroth (empresário do setor de turismo) como presidente deste comitê. O objetivo de criação de um novo modelo de projeto olímpico, sem dinheiro do Estado, e mais eficiente (entenda-se ECONÔMICO), foi alcançado, com louvor. Mais de 30 grandes empresas aderiram à causa. Eles não pensavam olimpicamente, apenas comercialmente. Mas funcionou! Cada uma das 32 empresas bancou o equivalente à 4 milhões de dólares, gerando receita imediata, para construir L.A 84!

  • Também pela primeira vez, haveria um sistema de policiamento e segurança ostensivo. Inaugurando, em grandes eventos, o sistema de rastreamento e vigia usando videocâmaras. CIA e FBI foram convocados, e a Guarda Nacional ficou incumbida do contato direto com o público, nas vias e nas arenas esportivas. Para eles, a chance de atentados, como o de Munique, em 1972, deveria ser ZERO!

  • Foi posta à venda, pela primeira vez, a possibilidade de participação em massa do Revezamento da Tocha. Um percurso de 19 mil quilômetros, atravessando todos os 50 estados, foi dividido em 12 mil pedaços. E cada um vendido a 3 mil dólares!!

  • A TV também pagou caro (e vendeu mais caro) pelos Jogos. Só a rede ABC pagou, na época, 230 milhões de dólares pelo direito de transmissão. E emissoras da Europa, Ásia, Américas e Austrália, pagaram mais 50 milhões, cada!!

Tudo bem, mas e os Jogos de LA, como foram?
INESQUECÍVEIS!!
A quarta visita olímpica em solo norte-americano, fez muito bem ao Olimpismo! Criaram-se padrões a serem seguidos.
Em vez de construírem um ocioso e caro Estádio Olímpico, reformaram o belo e imponente Coliseum Los Angeles, antigo estádio olímpico construído para os Jogos de 1932.
Monetizou-se o grande revezamento da Tocha Olímpica e criou-se o conceito de uso de dinheiro de grandes empresas patrocinadoras, o $$ público é caro e serve para serviços básicos fundamentais ao país que sedia os Jogos. Os Jogos de 1984, serviram para criar o desejo, entre as grandes marcas mundiais, de vestirem e cobrirem os Jogos com seus logos e ativações. O mundo corporativo entra em campo (e em quadra, na pista, na água…) Os Jogos se transformam em uma máquina faminta de fazer $$


Pela primeira vez fatores ambientais, tiveram que ser tratados com seriedade: Los Angeles sofria com a poluição industrial, e foi motivo de preocupação, e de buscas alternativas para que respirar não fosse perigoso! O alerta ecológico foi ligado, e continua a soar incessante!


Entram em campo, como grandes parceiras, pela primeira vez Big Techs, como IBM e AT&T, e costuram um salto de tecnologia. O moderno bateu à porta, e entrou para sempre (parece que saiu de férias, nos Jogos de Atlanta 1996, mas isso é caso para outra coluna, qualquer dia desses).


A paranoia de atentados globais e com motivos políticos, também se estabeleceu. A segurança entra pesado, pela porta dos fundos entram milhares de agentes do FBI e CIA, ocupando ruas e arenas, com a truculência de hábito. Nunca se gastou tanto com segurança como em Los Angeles 84.


Como os ingressos se esgotaram com uma velocidade digna de uma final de 100 metros, os organizadores criaram o conceito de que os eventos de rua, ou abertos ao público (Maratonas e marchas, no atletismo, ciclismo de estrada, iatismo…) seriam tão interessantes como os eventos de Arena, e gratuitos. Além disso, foi em L.A que se criou, timidamente, a ideia das Fan Zones Olímpicas, pontos de encontro, com várias TVs grandes espalhadas, serviço de bar e música ambiente, para saciar a sede (e tome cerveja) de se sentir inserido nos Jogos, mesmo sem ter conseguido (caros) ingressos para os eventos! Los Angeles ferveu, ao Sol de meio de verão e para a alegria de milhares de fãs, de todo o mundo! Afinal, eles consumiram L.A. como se fosse um grande espetáculo de Hollywood, que, aliás, era bem ali.


Ok, mas e como foram as disputas, os duelos e recordes? Quem foram os melhores? E o Brasil, como foi.
Calma, este será o conteúdo da minha coluninha de terça que vem! Falaremos sobre como foi, esportivamente, L.A.84!


Mas, antes disso, já mandei ar meu blazer e minha camisa Oxford azuis, Ancelotti prometeu pisar solo tupiniquim no domingo! E, no caso do recém-empossado, novo dono desta bagaça chamada CBF (que, aliás, tem uma ficha policial de matar de inveja o anterior) não puder recepcioná-lo, por motivos judiciais, estarei pronto para tal.
Qualquer coisa, cartas e convites para a redação!


Lauter Nogueira