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Vale aguardar o ‘menino’ Neymar?
Ídolos do futebol brasileiro avaliam se ainda é válido depositar esperança em uma possível recuperação do craque
Um novo ciclo para a Copa do Mundo de 2026 vai começar na segunda-feira (26), quando Carlo Ancelotti, novo treinador da seleção brasileira, vai anunciar a lista de convocados para os próximos dois jogos das Eliminatórias, contra Equador e Paraguai, nos dias 5 e 10 de junho.
Uma das grandes expectativas para a primeira convocação de Ancelotti é em relação à presença de Neymar. Desde que retornou ao Santos, em 31 de janeiro deste ano, depois de 12 anos longe da Vila Belmiro, o meia-atacante atuou em apenas nove dos 24 jogos da equipe na temporada. A principal razão para a longa ausência é um fator que tem acompanhado o craque nos últimos anos da carreira: problemas físicos.
As duas lesões musculares e a presença em campeonatos amadores, como a Kings League, onde é presidente de um time, colocam em xeque o comprometimento de Neymar com sua carreira. Apesar disso, o nome do camisa 10 da Vila Belmiro está na pré-lista de convocados por Ancelotti.
“Meu maior sonho todo mundo sabe que é a Copa do Mundo. É o meu objetivo, é um sonho que eu tenho. Ano que vem a gente tem uma grande chance. Espero poder estar lá, espero poder conquistar essa Copa do Mundo para ‘zerar’”, disse Neymar, em entrevista à CazéTV, em abril deste ano.
A reportagem de O TEMPO Sports ouviu grandes ídolos do futebol brasileiro para entender se o status e a dependência da seleção em relação ao Neymar vão mudar com a chegada de Ancelotti. Para Ricardo Rocha, tetracampeão do mundo em 1994, é natural que haja esperança em contar com ele, mas é preciso ter cautela.
“É claro que ele conta, mas o Neymar vem de lesão, sem jogar. É uma grande esperança para a gente, mas acho que não dá para ter essa necessidade agora. Acredito que o Ancelotti deveria pensar em uma base sem o Neymar. Vamos ver o que ele vai fazer na convocação. Acho que o Carlo será importante não só para recuperar o Neymar, mas todos os outros jogadores”, avalia.
Conhecido como “Rei de Roma” pelo período em que jogou no time da capital italiana, onde foi companheiro de Ancelotti, e por ter sido titular na histórica seleção brasileira de 82, Paulo Roberto Falcão torce pela recuperação de Neymar, mas afirma que o principal é o jogador se dedicar para isso.
“Ele tem que estar bem fisicamente e com a cabeça boa. Em condições, focado, é um craque, faz parte do hall de grandes jogadores que tivemos, como Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Kaká, Rivaldo. Mas não podemos jogar toda a responsabilidade nele. Temos outros bons jogadores, e ele tem que complementar”, afirma.
Tricampeão mineiro com a camisa do Atlético e vencedor da Copa América de 2004 pela seleção, Mancini não tem tanta esperança de que Neymar vai estar bem para a disputa do Mundial.
“Pelo o que ele vem apresentando nos últimos anos, não podemos ter essa dependência. Sabemos do talento que ele tem, mas precisa mostrar em campo. As pessoas não podem mais esperar o Neymar do Barcelona e do PSG. É preciso encarar a realidade”, diz Mancini.
Em relação à conquista do hexa, Ricardo Rocha acredita que, se Neymar deixar o extracampo de lado e manter o foco em 2026, as chances do Brasil aumentam. “Ele tem que se cuidar, porque é uma liderança para a geração atual. Eu não abriria mão dele, mas ele tem que pensar fundo na Copa”, comenta Rocha.
A diferença de Neymar e outros craques da geração
Se no Brasil há uma grande mobilização para Neymar ser campeão do mundo com a seleção, o mesmo aconteceu na Argentina com Messi. Em 2022, aos 35 anos, o ex-companheiro do brasileiro no Barcelona enfim conseguiu o título, após um jejum de 36 anos.
“A diferença é que Messi sempre foi uma liderança silenciosa, mas incontestável. A Argentina jogou para ele, sim, mas dentro de um esquema coletivo muito bem-definido. No caso do Brasil, jogar apenas para o Neymar pode ser arriscado se o sistema tático não estiver claro”, avaliou Milena Portela, jornalista argentina.
Já em Portugal há o grande sonho da conquista da Copa do Mundo pela primeira vez. Eles ainda contam com Cristiano Ronaldo para isso, mesmo aos 40 anos.
“Ele é um dos melhores atacantes de Portugal, mas fisicamente não é mais o mesmo. Comparando com o Neymar, são dois jogadores de carreiras grandiosas, mas, hoje, Ronaldo ainda é um dos melhores na posição para a seleção portuguesa, Neymar não”, comenta Rogério Azevedo, jornalista português do “A Bola”.
Como o mundo vê a volta de Neymar para o Brasil?
Se antes havia a expectativa para Neymar chegar ao prêmio de melhor jogador do mundo, agora o debate é se, aos 33 anos, ele vai conseguir voltar a “performar” bem e chegar à Copa do Mundo de 2026. Mas a conversa não é apenas aqui no Brasil.
Milena Portella é argentina, jornalista e correspondente no Brasil. Ela conta que a volta de Neymar para o Santos foi vista de uma forma desconfiada na Argentina.
“Ele é respeitado como um craque, mas há dúvidas sobre sua condição física e comprometimento atual. Há dúvidas, sim, especialmente por causa da sequência de lesões. Se estiver fisicamente bem, Neymar ainda pode desequilibrar”, afirma Milena.
Para Rogério Azevedo, jornalista português do “A Bola”, Neymar está colhendo frutos do estilo de vida que escolheu ter. “Em talento puro, o Neymar está ao nível dos melhores brasileiros. A ideia que nós temos de cá é que ele é facilmente seduzido pela vida extracampo. Só não focou completamente o futebol como as pessoas gostariam que ele tivesse focado”, comenta.
‘Aqui, pouco se fala de Neymar’
Em maio de 2023, o Manchester United chegou a iniciar negociações para contar com Neymar no elenco. Hoje em dia, quase não se fala do jogador na Terra da Rainha, como conta Fred Caldeira, correspondente da TNT Sports.
“A sensação quase unânime é a de que foi um talento em algum grau desperdiçado. Mas fala-se muito pouco de Neymar e até de seleção brasileira. A volta dele ao Brasil mesmo quase não repercutiu por aqui. O tema Ancelotti trouxe um holofote novo, mas pouco se falou de projetar Neymar para a Copa”, diz.
Sobre a dependência que a seleção brasileira tem de contar com Neymar na Copa do Mundo, Fred Caldeira foi enfático.
"Não pode ser central e também não pode ser descartado. Não há nenhum jogador brasileiro com a qualidade técnica dele, então acho que seria importante acompanhá-lo para entender as possibilidades físicas para a Copa. Mas qual foi a última vez que Neymar teve oito jogos em sequência (número necessário para conquistar a Copa)?", conclui.