Modelo que 'stalkeou' e perseguiu médico com mais de mil mensagens é condenada a 10 anos de prisão
Kawara Welch e sua avó, Dalva Ramos, chegaram a agredir e roubar o celular da esposa da vítima
Foi condenada a dez anos e sete meses de prisão a modelo e stalker Kawara Welch Ramos de Medeiros, que é acusada de perseguir um médico de 48 anos com 500 ligações e mais de mil mensagens enviadas em um único dia. A sentença foi confirmada por uma fonte confidencial à O TEMPO nesta sexta-feira (30 de maio). Kawara está presa desde maio de 2024, quando foi detida em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro.
A jovem de 24 anos, que se apresentava como modelo e artista plástica no Instagram, desenhou, no ano de 2020, um médico que carrega nas mãos um coração, obra que ela mesma nomeou de "Meu Coração em Sua Mão". A vítima e sua família registraram um total de 42 boletins de ocorrência contra a mulher.
Jovem e avó agrediram esposa do médico e roubaram celular
Conforme a sentença, Kawara irá responder pelos crimes de perseguição, denunciação caluniosa, ameaça, perturbação do sossego, lesão corporal, extorsão e até mesmo furto. No dia 4 de janeiro de 2023, a jovem e sua vó, Dalva Ramos, de 50 anos, agrediram a esposa do médico no momento em que ela chegava na clínica onde o marido trabalha. Kawara e Dalva teriam tentado retirará-la do veículo à força. Em seguida, a jovem teria furtado o celular da vítima e a chave do veículo. Só por esse delito, a pena determinada para a artista plástica e para a avó é de seis anos e oito meses de reclusão.
Segundo o registro policial da época, instantes depois o médico também chegou à clínica, momento em que a jovem teria entrado em seu carro e afirmado que se o médico não fosse dela, "não seria da esposa e de mais ninguém".
A decisão também aponta que a defesa de Dalva pediu um reconhecimento de confissão espontânea, já que ela negou o roubo e disse que não agrediu a mulher do médico. Porém, no decorrer do processo, a avó de Kawara itiu ter pegado o celular, "mas por pensar que era o seu".
Perseguições ocorreram entre 2020 e 2023
A sentença indica que Kawara perseguiu o médico entre 2020 e 2023. A jovem vigiava o profissional e seus familiares na porta de casa, "além de oferecer presentes e gorjetas para terceiros rearem informações relativas às vítimas. A artista plástica chegou a expor a vítima a outras pessoas, pois realizou 'montagens da esposa dele com outros homens' e as entregou para mães de alunos que estudavam com um filho do médico.
Consequências: esposa do médico tem problemas de saúde e medo de perseguição
Em virtude dos episódios de perseguição, a companheira do médico desenvolveu problemas de saúde, como síndrome do pânico e insônia — necessitando, inclusive, de fazer o uso de medicamentos. "A vítima sente medo constante e não consegue mais trabalhar por conta da perseguição", diz a decisão judicial.
Por contas danos morais e materiais causados, o juiz André Luiz Riginel da Silva Oliveira determinou que Kawara Welch e Dalva Ramos paguem R$ 33.500 ao médico e seus familiares.
Nesta sexta-feira (30 de maio), a reportagem de O TEMPO chegou a procurar o advogado do médico, Hudson de Freitas, mas ele disse que não irá se pronunciar — uma vez que o processo corre segredo de Justiça.
Kawara continuará em prisão domiciliar e avó responderá em liberdade
A Justiça concedeu prisão domiciliar à jovem. E, por entender que não ocorreu nenhuma situação nova, o magistrado entendeu que ela continuará neste regime de detenção e que a avó irá responder ao processo em liberdade.
Como identificar uma perseguição e agir?
- Se perceber que teve a liberdade coagida ou foi constrangido de alguma forma, ainda que psicologicamente, “ligue o alerta” e entenda que aquela conduta está errada;
- A pessoa que comete a agressão pode mandar flores ou presentes, o que soa como delicadeza, mas, na verdade, é ameaça e invasão de intimidade;
- Fique atento ao que acontece ao seu redor e avise aos amigos e parentes se alguma situação anormal acontecer;
- Desconfie de qualquer situação que não seja agradável, física ou psicologicamente. Reporte o fato a alguém superior do trabalho, ao porteiro do prédio ou outro responsável pelo local onde você estiver;
- Evite andar sozinha(o) se estiver em situação de medo;
- Denuncie às autoridades competentes.
Como denunciar?
- Para a Polícia Militar: registrar boletim de ocorrência e, dependendo da situação, ligar para o 190 e acionar a viatura, em caso de risco imediato.
- Nas delegacias de Polícia Civil de Minas Gerais.
(Contem informações da Folhapress veiculadas em 2024)