Amigos, parentes e conhecidos de Maria Benta de Souza se despedem nesta quarta-feira (4) da idosa, de 74 anos, que morreu após complicações durante um exame de endoscopia, realizado no dia anterior (terça-feira, 3) em uma clínica em Contagem, na região Metropolitana de Belo Horizonte. As circunstâncias da morte de Maria Benta estão sendo investigadas pela Polícia Civil de Minas Gerais.

“O que estou sabendo até agora é que ela chegou na clínica perfeita para fazer os exames e lá dentro aconteceu o ocorrido que resultou nisso aí que vocês estão vendo”, disse o filho da vítima, José Marcos Bento, apontando para o caixão da mãe que está sendo velada no Jardins Cemitério Parque, em Betim, também na grande Belo Horizonte. O velório começou às 11h30 e o enterro está previsto para às 16h30 deste mesmo dia.

O médico responsável pela endoscopia explicou à Polícia Militar, que foi acionada pela filha da idosa, de 55 anos, que a paciente havia sofrido uma hemorragia e não resistiu à complicação. O Samu foi acionado e constatou o óbito. A Polícia Civil também foi ao local.

Explicação e justiça 4o5ud

Os familiares estão confusos sobre o ocorrido. Segundo eles, alguns fatos apresentados pela clínica parecem divergir do que foi dito por testemunhas e também pelo que consta no Boletim de Ocorrências da Polícia Militar. 

“Minha irmã que foi (acompanhando a mãe), não foi eu que fui, e disse que o procedimento foi demorado demais. Normalmente, esse procedimento demora 40 minutos, ele demorou mais de duas horas, e a movimentação ficou muito estranha. Após eu chegar no local, percebi na hora, falei com o médico, mas a informação dele não bate com que ele diz que foi feito. O procedimento, os remédios para estancar a cirurgia, não ter aquele aparelho de reanimação não sei se tinha, não me falaram, entendeu? Então, a nossa dúvida é essa, eu suspeito de um erro humano, falha humana”, completa o homem.

Além disso, a clínica onde o procedimento foi feito, não possui alvará sanitário. Segundo o filho da idosa, esta foi a primeira vez que a família foi até o local.

“A gente sempre faz esse exame de rotina, como ela não achou vaga onde ele queria fazer, ela achou essa (clínica), ligou lá e marcou. Acho que é um erro estar funcionando sem alvará, como é que pode funcionar dessa forma?”, indaga.

Procurada, a clínica disse que todas as informações solicitadas pelas autoridades foram devidamente prestadas, e que a equipe se colocou à disposição dos familiares da paciente para quaisquer esclarecimentos necessários.

Já a Prefeitura de Contagem, por meio da  Secretaria de Desenvolvimento Urbano, informou que o estabelecimento em questão possui Alvará de Localização e Funcionamento válido, expedido em 2010, com validade indeterminada, conforme as normas vigentes à época da concessão. Já a Secretaria de Saúde esclareceu que o estabelecimento não possui alvará sanitário emitido pela Vigilância Sanitária. No entanto, há um processo em andamento para obtenção do documento. A prefeitura disse ainda que equipe da Vigilância Sanitária realizará vistoria no local.

“Eu creio que ele (médico que realizou o exame) demorou muito a chamar o Samu tentando resolver esse problema. Ela estava bem demais, ótima, brincando, conversando, alimentando, perfeitas condições. Agora, a gente espera por justiça, né? Espero que a justiça seja feita e isso não aconteça com outras famílias”, finalizou.