Punição e acolhimento. Essas são as palavras-chaves para os pais/responsáveis ao lidarem com os adolescentes que criaram fotos pornográficas falsas por meio de Inteligência Artificial (IA) e teriam comercializado online, de acordo com a conselheira nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Ângela Mathylde. Alunos do colégio Santa Maria teriam feito as imagens com os rostos de colegas entre 12 e 17 anos, estabelecendo um cenário de preocupação e medo na instituição de ensino.
Para a especialista, apesar de a punição ser necessária, também é preciso haver um diálogo aberto e uma participação constante dos adultos no dia a dia de quem ainda está nos primeiros anos de vida. Segundo ela, não é só ‘xingar’: é também ouvir, tanto os responsáveis pelas fotos quanto as vítimas.
“Não se pode esquecer que eles ainda são adolescentes, e que, nessa idade, ainda precisam ser monitorados. É necessário acolher, monitorar, assessorar, explicar o que é certo e errado. A situação é pesada para quem é adulto e conhece o peso disso, mas, muitas vezes, os adolescentes desconhecem. Tem que mostrar a gravidade que, talvez, eles não percebam. Também é necessário que haja punição, para que eles entendam que o que fizeram foi muito ruim”, diz ela.
Conforme Ângela Mathylde, os pais devem exercitar a autoridade e impor limites, regras e combinados. Apesar de não poder julgar um adolescente como adulto, segundo ela, é necessário orientá-los a pedir desculpas para as vítimas, para os demais colegas e, dependendo das regras da escola, até mesmo pensar em uma expulsão da instituição de ensino.
“Não é só tirar da escola, brigar. É acolher, mas com punição. Uma orientação seria retirar o o às redes sociais. É importante entender que ‘brinquedos’ em mãos erradas dão problemas. Autonomia depende de maturidade”, afirma ela.
Já no que diz respeito ao trato com as vítimas, Ângela Mathylde afirma que também é necessário acolhê-las e mostrar que elas não estão sozinhas nesse momento.
“Se houver dificuldades para ‘á-las’, para conversar com elas, é necessário contratar uma assistência especializada para que possam se abrir, falar o que está acontecendo, o que estão sentindo. Não adianta ficar forçando a barra. Tem que acolher, não xingar ou culpar”, finaliza.