CAFÉ COM POLÍTICA

‘Não adiantou nada’, diz presidente da Faemg sobre corte de impostos federais sobre alimentos

A medida foi anunciada no início de março e, pouco mais de um mês após a cobrança zerada, os impactos ainda não chegaram às gôndolas dos supermercados

Por Simon Nascimento e Letícia Fontes
Publicado em 15 de abril de 2025 | 10:14

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg Senar), Antônio Pitangui de Salvo, afirmou que o corte de impostos federais sobre a importação de nove produtos não teve resultado. A medida foi anunciada no início de março e, pouco mais de um mês após a cobrança zerada, os impactos ainda não chegaram às gôndolas dos supermercados. 

Em entrevista ao podcast Café com Política, disponível no canal do Youtube de O TEMPO, Salvo afirmou que retirar a cobrança de impostos que incidem sobre alimentos importados não tem efeito prático à população. Em março, a União afirmou que seriam retiradas a tributação sobre os seguintes itens comprados de outros países: 

  • Azeite (9%)
  • Milho (7,2%)
  • Óleo de girassol (9%)
  • Sardinha (32%)
  • Biscoitos (16,2%)
  • Massas alimentícias - macarrão (14,4%)
  • Café (9%)
  • Carnes (até 10,8%)
  • Açúcar (até 14%)

“Isso não adiantou nada. Já temos aí mais de 30 dias que isso aconteceu e nós não tivemos queda no preço dos alimentos”, cravou Antônio Pitangui. Ele afirmou que no caso de alimentos importados, os custos operacionais, como taxas portuárias e frete, acabam inviabilizando qualquer efeito prático que a medida possa ter aos consumidores. 

“Você imagina um bife, por exemplo, de um animal criado na Austrália, que foi levado para o frigorífico na Austrália, depois ele entrou no navio, deu a volta ao mundo, chegou no Porto de Santos, e ainda entrou em um caminhão. Será que esse bife vai chegar aqui em Contagem, por exemplo, mais barato do que a carne do gado criado aqui em Minas, só com 9% de retirada de taxa? É claro que não”, exemplificou. 

Para baixar o preço dos alimentos, ele afirma que o setor defende uma estabilidade na economia como uma alternativa para ampliar o poder aquisitivo da população. “E com isso o real a a ter mais valor. E aí sim, com mais poder de compra, consequentemente as pessoas terão capacidade de compra, tornando o que era caro ível”, ponderou Salvo. 

Outra aposta do setor é na super safra de alimentos, que deve alcançar um recorde de 323,8 milhões de toneladas em 2025, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do IBGE. O governo federal, inclusive, se apega ao volume histórico como um fator que pode contribuir para frear a inflação sobre o preço dos alimentos no país. 

Nos últimos 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) calcula que a alimentação no Brasil encareceu quase 8%. “A colheita da supersafra tem a tendência de equilibrar o preço dos alimentos. Pois é, mas você está colhendo soja e vai equilibrar o preço? Sim, do frango. Porque o frango come milho e soja. Com a supersafra de milho e de soja, você tende a ter uma ração mais barata, consequentemente, um frango, uma carne de porco, um queijo que é derivado do leite, a própria ração animal de bovino”, ilustrou Antônio. 

“Uma safra de grãos parece que não interessa muito para o cidadão da cidade, mas interessa sim. Uma supersafra causa bem para quem mora nas cidades também. Ela não traz só melhoria de vida para quem está da porteira para dentro. Traz muita riqueza para quem também está na cidade. E qual é essa riqueza? Maior poder de compra, maior capacidade de comprar os seus produtos básicos”, finalizou o presidente da Faemg.