ENTREVISTA

‘Incomoda muito’, diz presidente da Faemg sobre agendas de Lula com MST

Em março, o presidente da República visitou assentamentos do movimento no Norte de Minas

Por Simon Nascimento e Letícia Fontes
Publicado em 17 de abril de 2025 | 08:00

A relação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) foi criticada  pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg Senar), Antônio Pitangui de Salvo. Em entrevista ao podcast Café com Política, disponível no canal do Youtube de O TEMPO, ele não escondeu o incômodo do setor com as agendas da União junto ao grupo. 

Em março, Lula visitou o Complexo Ariadnópolis, no município de Campo do Meio, no Sul de Minas, e anunciou a desapropriação de três lotes de terras que fazem parte do Quilombo Campo Grande, na área da antiga Usina Ariadnópolis, ocupada desde 1997 pelo MST. A visita ocorreu semanas antes do chamado ‘abril vermelho’, período do ano em que o grupo intensifica a ocupação de propriedades rurais tidas como improdutivas pelo movimento em uma defesa à Reforma Agrária. 

“O presidente pode visitar quem ele quiser. Eu, se fosse líder desse país, não ia visitar quem não é ordeiro. O movimento não é ordeiro, o movimento não ajuda o Brasil a se desenvolver. Então, a gente deveria visitar os pequenos produtores aqui de Minas Gerais que dão duro para poder pôr a comida na mesa deles e de todos os mineiros”, disparou Salvo. 

Em Minas Gerais, em resposta ao movimento, o setor defende, com o apoio do governador Romeu Zema (Novo), o abril verde para coibir as ocupações de terras. “Para você ter uma ideia, se você plantar 20, 30, 50 hectares de milho, você gasta mais ou menos R$ 8 mil por hectare. E isso multiplicado por 50… você vai gastar uma boa quantia de dinheiro e ainda vai depender do clima. Aí você tem sua fazenda ocupada, invadida por pessoas? Quer ter terra? Vai trabalhar. Eu não posso invadir o seu veículo, o seu carro, porque eu não tenho carro. O carro é seu. A propriedade cumpre a função social dela em 100%, uma propriedade produtiva, ela não pode ser invadida”, completou. 

Segundo o presidente da Faemg, o movimento abril verde busca a segurança e a paz no campo. “Nós não não queremos brigar com ninguém, nós queremos continuar produzindo para não gerar o que Brasil nunca teve que é uma guerra interna”, finalizou.