DOR DE CABEÇA

Moradores da Pampulha sofrem com avenida esburacada e colecionam prejuízos há nove meses

Associação do bairro Bandeirantes afirma que a PBH realizou manutenção no trecho, mas intervenções não resolveram a situação

Por Mateus Pena
Atualizado em 31 de janeiro de 2025 | 14:31

Há nove meses, motoristas e pedestres que transitam pela avenida Novara, no bairro Bandeirantes, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, convivem com a via esburacada. A avenida, que é pavimentada com a técnica de alvenaria poliédrica (espécie de blocos que são assentados manualmente na areia), está em situação precária: vários fragmentos já se soltaram e estão espalhados por todos os lugares. O resultado disso, ainda mais em meio ao período chuvoso, é o prejuízo para os motoristas. Há relatos de condutores que precisam dar manutenção na suspensão e de outros que tiveram seus pneus rasgados no local. O trecho, que tem pouco mais de 500 metros e fica localizado entre a Praça Toscana e a avenida Fleming, está nessa situação mesmo após obras realizadas pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) — que começaram em maio de 2024. Em agosto do ano ado, as intervenções foram finalizadas, mas os transtornos permaneceram. 

A presidente da  Associação Pró-Interesses do Bairro Bandeirantes (APIBB), Adrienne Moore, detalha que a quantidade de incidentes envolvendo carros e pedestres é alarmante. Para ela, a Prefeitura de Belo Horizonte não conta com mão de obra qualificada para realizar a manutenção  da alvenaria poliédrica. “A prefeitura insiste em refazer o calçamento poliédrico em vez de asfaltar a via, porém não tem mão de obra qualificada para isso. Temos inúmeras reclamações e pedidos de reunião encaminhados aos responsáveis, mas não recebemos nenhuma resposta. É revoltante pagar valores tão altos de IPTU e não termos nenhuma contrapartida do poder público”, reclamou Adrienne.

Situação precária é retratada na avenida Novara, no Bandeirantes, região da Pampulha. Foto: Flavio Tavares/O TEMPO

Conforme um documento elaborado pela APIBB, as ruas do bairro Bandeirantes, em sua maioria, são pavimentadas com alvenaria poliédrica e, por serem patrimônio tombado, devem ser preservadas em sua forma original pela Prefeitura de Belo Horizonte. “Solicitamos que a PBH forneça um plano adequado e realize a devida manutenção da Avenida Novara e das demais vias do Bandeirantes, em conformidade com seu dever e responsabilidade na preservação do patrimônio público tombado”, ressaltou a associação no documento.

Prejuízos

A corretora de imóveis Mari Ângela Abgussen, 78 anos, que mora há mais de 30 anos no bairro, é uma das pessoas que tiveram prejuízos por causa dos buracos da avenida Novara. rasgado por algumas pedras poliédricas soltas. “Eu o pela via quase o tempo todo com os meus clientes e, desde que começaram as obras de recapeamento, têm ocorrido seríssimos problemas. A prefeitura tenta conservar os poliedros, que são considerados tombados, porém não consegue profissionais qualificados para realizar a manutenção de forma adequada. A avenida está cheia de buracos, desníveis, pedras soltas, partes elevadas e outras rebaixadas, o que prejudica os moradores que trafegam por ali”, relata Mari Ângela.

Em meio a essa situação, moradores ainda reclamam da falta de resposta por parte da PBH. No dia 17 de janeiro de 2025, uma residente do Bandeirantes tentou utilizar o aplicativo da PBH para acionar o serviço "Tapa-Buraco" em busca de soluções para o problema. Porém, conforme prints de tela enviados à reportagem, quatro dias depois, a solicitação foi dada como "serviço não realizado" e "indeferida" pela prefeitura, sem nenhuma explicação.

Buracos representam riscos e causam prejuízos para motoristas que transitam no local. Foto: Flávio Tavares/O TEMPO

Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que os serviços de manutenção na avenida Novara se encontram temporariamente suspensos em virtude das chuvas intensas, que impossibilitam a execução de intervenções técnicas com a qualidade exigida. A PBH ressalta que os trabalhos de manutenção na referida via serão devidamente retomados.

"Também é necessário destacar que o pavimento poliédrico da avenida Novara é tombado pelo IEPHA/DPAM, o que inviabiliza a aplicação de cobertura asfáltica. Todas as intervenções realizadas no local estão em estrita observância às normas e diretrizes legais que visam à preservação das características históricas e patrimoniais da região e da via", disse a PBH.

Como as obras foram conduzidas?

Segundo a associação, no dia 3 de maio de 2024, tiveram início as intervenções municipais de recuperação do trecho, que, até o início do ano ado, estava repleto de remendos de asfalto feitos em operações tapa-buraco. Porém, em agosto, a obra foi encerrada antes mesmo sem a resolução do problema.

Em novembro de 2024, a reportagem de O TEMPO teve o a um e-mail enviado pela regional Pampulha da PBH, em agosto, como resposta à reivindicação de alguns moradores sobre a manutenção do trecho da avenida. No documento, o Executivo municipal afirmou que a empresa contratada para o serviço “não conseguiu concluir” a obra e que o contrato foi “finalizado”. “Em função disso, a Gerência de Manutenção Pampulha iniciou, no dia 29 de agosto de 2024, as intervenções no local, dando prosseguimento à recuperação do calçamento poliédrico”, completou a prefeitura na resposta.

Entretanto, bastaram as primeiras chuvas do período chuvoso, iniciado em setembro de 2024, para que o trecho finalizado da obra sofresse com pedras arrancadas e areia espalhada pela correnteza que atingiu a avenida, deixando um rastro de sujeira e irregularidades.